A grande quantidade de lava expelida pelo vulcão da ilha cabo-verdiana do Fogo desde o princípio da noite de quinta-feira sobrepôs-se ao vasto manto acumulado anteriormente, mas não voltou a atingir a principal povoação de Chã das Caldeiras.
Desde as 05h15 (hora local, menos uma do que em Lisboa), é visível a evolução das erupções vulcânicas, tendo surgido mais uma boca, que se juntou à fissura principal, emitindo uma densa e cinzenta nuvem de dióxido de carbono.
A fissura principal, resultado das oito bocas que se unificaram, está a registar várias explosões de magma, que, além do fogo, tem projetado rochas e pedras num alcance de 450 metros. No ar, sente-se um claro cheiro a dióxido de enxofre.
Sónia Silva Vitória, do Observatório Vulcanológico, entidade recém-criada e que envolve a Universidade de Cabo Verde, em parceria com o Instituto Vulcanológico das Canárias e o Serviço Nacional de Proteção Civil de Cabo Verde, disse à Lusa que, entre as 21h00 e 22h00 horas de quinta-feira, foram registados três abalos sísmicos de fraca intensidade.
Por outro lado, a terceira estrada alternativa entre a entrada do Parque Natural do Fogo e a povoação de Portela continua aberta, permitindo aos cerca de 40 habitantes continuarem a retirar os seus bens e haveres das suas residências ao longo dos últimos dias em camiões e carrinhas de caixa aberta.
A este propósito, Nuno Oliveira, diretor das operações do Serviço Nacional de Proteção Civil de Cabo Verde, indicou que, se a estrada se mantiver aberta, e as viaturas puderem continuar a escoar, prevê-se que até ao fim da manhã de hoje possam dar por concluída a retirada de todos os bens que ainda se encontram nas encostas.
A erupção vulcânica, que se iniciou no domingo, já provocou a destruição de 15 residências da zona de Portela, bem como de 14 cisternas de água, 15 currais, duas casas de apoio à agricultura e uma vasta área rural, não havendo, contudo, vítimas a registar.