José de Almeida, um dos fundadores do separatismo açoriano e, depois, seu líder incansável, estava internado no hospital de Ponta Delgada há mais de uma semana e estava doente há vários meses, adiantou a mesma fonte.

Apesar de doente, José de Almeida manteve até ao final da sua vida o seu ativismo público em defesa da independência dos Açores. Na sua última intervenção pública, a 06 de junho passado, afirmou que “a luta pela independência vai continuar a ser um caminho”.

“Apesar do que possam dizer, apesar do que possam pensar, estarmos aqui reunidos é uma manifestação de força. É uma manifestação de definição a dizer nós somos açorianos e queremos ser e vamos ser independentistas”, sublinhou, numa sessão promovida pela FLA para assinalar mais um aniversário do 06 de junho de 1975, dia em que uma manifestação juntou 10 mil pessoas em Ponta Delgada, na sua maioria lavradores, que se batiam por várias reivindicações e contra o regime de Lisboa.

A FLA sempre reivindicou este protesto do 06 de junho de 1976 como sendo de apoio à causa da independência dos Açores. José de Almeida admitiu que a FLA se sentiu “traída” neste percurso. “Nós tivemos traidores, gente que sabotou o raciocínio dos açorianos a caminho da independência”, declarou, assegurando que “há gente que sabe o que quer e que sabe que o melhor para os Açores é a independência”.

O movimento separatista açoriano surgiu a seguir ao 25 de Abril e conheceu o seu apogeu em 1975, muito por reação ao que se estava a passar em Portugal continental. Como uma forte componente anticomunista e tendo chegado a realizar atentados violentos, a FLA acabaria por perder peso e influência depois do PSD se ter tornado força maioritária no arquipélago e de a Constituição da República ter consagrado um regime autonómico.

José de Almeida, um dos fundadores desta Frente de Libertação dos Açores, era deputado da Ação Nacional Popular nos anos finais do anterior regime e fora um dos poucos deputados a comparecer no hemiciclo no próprio dia 25 de Abril. Se no tempo de Marcello Caetano não se lhe conheciam tendências separatistas, a perda de influência da FLA não impediu que mantivesse, até ao fim, um discurso independentista. Sem peso político específico, nos anos que se seguiram à revolução era possível encontrá-lo na sua livraria-alfarrabista, no centro de Ponta Delgada, onde mantinha tertúlias e vendia com orgulho sobretudo livros sobre os Açores ou de açorianos.

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