Em dia de comemoração da bancada parlamentar e de homenagem a Adelino Amaro da Costa, Paulo Portas não deixou cair por terra a ambição do seu partido e disse que o CDS “daria conta do recado” caso tivesse “mais força” e “pudesse governar em tempos normais”. O líder do partido e vice-primeiro-ministro disse perante as principais figuras centristas da atualidade, mas também da história do partido, que no CDS não há “estalinismo” e que se “assume a história do partido como um todo”.

Mesmo os antigos líderes que já saíram das fileiras do partido – tendo até sido eleitos por partidos diferentes para cargos de governação -, marcaram presença no encontro dos chefes da bancada parlamentar do CDS que assinalou o aniversário do partido e os 39 anos de representação parlamentar (a Constituinte foi eleita em 1975). Basílio Horta foi acolhido no almoço convívio dos antigos líderes da bancada parlamentar como um amigo, apesar de ser atualmente presidente da Câmara de Sintra eleito nas listas socialistas e ter sido eleito deputados nas listas do PS em 2011. O autarca disse que tinha “saudades” de algumas pessoas e que nunca abandonou a democracia cristã, embora tenha deixado claro que não era um regresso ao partido.

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Outro exemplo de dissidência e de regresso foi Rui Pena, outro antigo líder da bancada centrista, apesar de ter sido dos últimos a chegar ao almoço que decorreu no Refeitório dos Frades da Assembleia da República, foi acolhido com um abraço de Paulo Portas e Nuno Magalhães, atual líder da bancada do CDS. Já as figuras mais fieis ao partido como Narana Coissoró, líder parlamentar do chamado partido táxi, altura em que o CDS tinha apenas quatro deputados, ou Nogueira de Brito, não deixaram de estar presentes.

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Dentro ou fora do partido, dentro ou fora da política ativa, antigos líderes da bancada do CDS sentaram-se lado a lado durante cerca de duas horas e recordaram através de vídeos antigos colegas, alguns já falecidos – como é o caso de Victor de Sá Machado, Adelino Amaro da Costa, Francisco Lucas Pires, Jorge Ferreira e Maria José Nogueira Pinto. Foi aliás para estes protagonistas centristas que os aplausos foram mais fortes. Na sala estavam presentes membros do Governo como Luís Pedro Mota Soares – também antigo líder da bancada -, Assunção Cristas ou Paulo Núncio, ainda os atuais deputados centristas e os funcionários do partido no parlamento.

2015: O primeiro ano com crescimento e CDS no governo

Em dia de recordar o passado, já que para além desta celebração, multiplicam-se as homenagens a Adelino Amaro da Costa, vítima da tragédia de Camarate há 34 anos, Paulo Portas quis olhar par ao futuro e dizer que 2015 será o primeiro ano em que o CDS está no Governo e que haverá crescimento – “chamam-nos sempre com a casa a arder”. Mas disse ainda que caso o “CDS tivesse mais força”, “daria conta do recado”. Embora não tenha dito abertamente que o partido concorrerá sozinho nas próximas eleições, o líder centrista deixou antever o CDS “não deixa de ter essa ambição”.

“2015, esperamos nós, será o primeiro ano em que o CDS é Governo com algum crescimento económico. Eu tenho a ideia de que tivesse o CDS mais força e pudesse governar em tempos normais, eu creio que daríamos conta do recado, proporcionando na medida das decisões do Governo, uma economia mais próspera e uma sociedade mais justa. E não deixamos como é natural num partido político, de ter essa aspiração”, disse Paulo Portas.

Paulo Portas disse ainda que o partido “assume toda a sua história” e lembrou dois momentos em particular na vida parlamentar: o voto do CDS contra a Constituição de 1976 e o grupo parlamentar de quatro deputados em 1987. Disse ainda que “não há incidentes que desprestigiem o Parlamento” ligados à bancada do CDS, brincando com o secretário de Estado Paulo Núncio que estava ao seu lado: “O CDS nunca foi partido de tirar microfone aos outros” – Paulo Núncio protagonizou com o deputado socialista Eduardo Cabrita um episódio insólito há duas semanas quando este lhe retirou o microfone e não o deixou falar numa reunião que discutia o Orçamento do Estado para 2015.

O vice-primeiro-ministro criticou ainda os partidos que consideram que a luta se faz na rua e que olham para o Parlamento como “um palco secundário para a rua”. “A democracia representativa é sempre um regime mais estável do que a permanente obsessão pela luta de classes”, afirmou.

Rui Pena, na qualidade de líder parlamentar mais antigo disse ainda que as “vicissitudes da vida” levaram algumas figuras do CDS “por caminhos diversos”, mas que ainda hoje há uma principio que os une: o humanismo. A faltar ficaram António Lobo Xavier que está em Hong Kong e enviou mensagem aos antigos colegas e ainda Francisco de Oliveira Dias, um dos fundadores do CDS, que enviou também uma mensagem.