O governo francês garantiu que vai “fazer da luta contra o racismo e o antissemitismo uma causa nacional”, após a agressão contra um casal de judeus.

Há seis dias, um casal de judeus foi agredido no bairro de Créteil, no sudeste de Paris, tendo a mulher sido violada e o seu apartamento saqueado.

Segundo a investigação, os três agressores — suspeitos de terem espancado um judeu septuagenário na mesma localidade, em novembro — “partilham a ideia de que ser judeu significa ter dinheiro”.

O ato causou indignação no país e o presidente francês, François Hollande, denunciou “o mal” que atravessa a sociedade francesa.

Este domingo, o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, reconheceu que a agressão está a gerar “um sentimento de preocupação” entre a comunidade judaica em França, a mais significativa da Europa.

Perante centenas de pessoas reunidas em Créteil, bairro no sudeste de Paris, para denunciar o caso de agressão, o ministro qualificou o incidente como sinal de “uma verdadeira patologia social”, que deve ser combatida por “todas as autoridades, eleitos, associação, representantes de diferentes cultos”.

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O “mal que rói a República” deve ser “combatido a qualquer preço”, frisou, reconhecendo que “os atos e ameaças antissemitas” mais do que duplicaram em França, nos dez primeiros meses do ano.

“Os judeus sentem-se em perigo e alguns já deixaram a França”, lamentou o presidente do conselho que representa as instituições judaicas no país, Roger Cukierman.

“Se o Estado não fizer desta causa nacional uma obrigação os judeus partirão em massa”, alertou.

“São necessários meios adequados, não podemos ficar só pelas intenções”, apelou o rabino de França, Haim Korsia.

Também a Liga Contra o Racismo e o Antissemitismo insistiu que “não é tempo de declarações, mas de atos”.

“A República defender-vos-á de todas essas forças, protegendo-vos sempre dos atos e palavras que atentem contra os valores que estão na sua base”, assegurou Cazeneuve.

Com mais de meio milhão de judeus, a comunidade hebraica francesa é a terceira maior do mundo, a seguir a Israel e aos Estados Unidos.