Pelo sexto dia consecutivo que a atividade vulcânica em Chã das Caldeiras, na ilha cabo-verdiana do Fogo, está reduzida, mas tal está longe de implicar o fim das erupções, disse hoje à agência Lusa fonte oficial.

Aleida Monteiro, coordenadora do Gabinete de Comunicação do Governo cabo-verdiano, que se encontra em São Filipe, indicou que o cenário de acalmia mantém-se igual aos dos últimos dias, com a lava “estagnada” 600 metros após Bangaeira e a emissão de gases – dióxido de carbono e dióxido de enxofre – quase nula.

Salvaguardando sempre a imprevisibilidade, Aleida Monteiro indicou que os vulcanólogos e sismólogos no terreno deverão apresentar hoje um “parecer técnico” com dados mais precisos sobre as movimentações de magna ou de pequenos abalos nos últimos dias da atividade vulcânica, iniciada a 23 de novembro.

A lava mantém-se a pouco mais de 600 metros de Bangaeira, povoação que, tal como Portela, foi destruída pela torrente, e está praticamente parada há cinco dias, distando 3,5 quilómetros de Fernão Gomes, o “ponto crítico”, uma vez que, a partir desse local, desabitado, segue-se a encosta da grande montanha até Mosteiros (norte).

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Se a atividade vulcânica se agravar e a lava ultrapassar Fernão Gomes, situado a uma altitude de quase 1.900 metros, a torrente não encontrará quaisquer obstáculos em descer a encosta até ao mar, percurso onde se situam duas povoações – Cutelo Alto e Fonsaco -, cujos cerca de 2.300 habitantes estão em alerta para uma eventual evacuação.

Hoje, o embaixador da União Europeia (UE) em Cabo Verde, o diplomata português José Manuel Pinto Teixeira, encontra-se na ilha do Fogo para se inteirar da situação, efetuando visitas a Chã das Caldeiras, planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos, e aos três centros de acolhimento onde se albergaram cerca de 850 dos quase 1.500 desalojados de Portela e Bangaeira, povoações totalmente destruídas.

Sábado, em Espargos, na ilha do Sal, o Governo cabo-verdiano considerou “extraordinária” a doação do executivo de Angola, que enviou ajuda alimentar e equipamentos de construção civil na ordem 5,3 milhões de euros fazer face aos danos materiais resultantes da erupção.

Citado pela Inforpress, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros cabo-verdiano, Démis Lobo Almeida, discursava no ato da entrega formal dos donativos angolanos, em resposta à solicitação do Governo cabo-verdiano, a que Luanda respondeu em “tempo recorde”.

“O donativo terá impacto na vida das pessoas na ilha do Fogo e Cabo Verde agradece tamanha generosidade do Governo e do povo angolanos, disse.

As cerca de 120 toneladas em donativos, como kits de primeiros socorros, geradores, televisores, materiais para a construção civil e géneros alimentares, chegaram sexta-feira ao aeroporto do Sal, transportados em três aviões, os cargueiros “Ilyushin 76” e “Antonov 72” e um “DASH 8-300”, com capacidade para 50 passageiros.

A caminho de Cabo Verde, procedente ainda de Angola, está um navio com mais de 9.000 toneladas de ajuda alimentar e kits para a construção de habitações, cuja data prevista de chegada é ainda desconhecida.

Até agora, 22 dias após o início das erupções, que não provocaram quaisquer vítimas, a lava destruiu as povoações de Portela e Bangaeira, obrigando à retirada dos quase 1.500 habitantes, parte deles, cerca de 850, instalados nos três centros de acolhimento entretanto criados e os restantes em casa de familiares ou amigos.

Além da destruição de Portela e Bangaeira, a lava consumiu também grande parte da vasta área agrícola de Chã das Caldeiras, pelo que a prioridade assumida pelo Governo cabo-verdiano está agora focada na reinstalação dos desalojados e na geração de fontes de rendimento para as famílias.