Os países mais influentes no interior da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) estarão na disposição de deixar os preços do “crude” deslizarem até 40 dólares por barril, antes de convocarem uma reunião de emergência para debater a queda da matéria-prima nos mercados internacionais. A informação é adiantada pelo jornal britânico Telegraph, que cita Suhail al-Mazouei, ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos, um dos estados que integra aquele cartel.

“Não vamos mudar de ideias porque os preços baixam para 60 ou 40 dólares”, referiu aquele responsável em declarações à Bloomberg durante uma conferência realizada no Dubai, numa iniciativa que poderá reforçar a tendência atual de queda nos preços do petróleo. Em novembro passado, a OPEP, que reúne 12 estados produtores de crude, decidiu manter a produção inalterada em 30 milhões de barris por dia, recorda o Telegraph. A decisão, de acordo com analistas, terá assumido o objetivo de concorrer com outros produtores que não estão integrados na organização, como são os casos da Rússia e dos Estados Unidos.

Um antigo líder da OPEP, Abdullah bin Hamad al-Attiyah, afirmou à publicação britânica que a organização está “impotente” para travar a atual descida dos preços do petróleo, caso não consiga obter a cooperação de outras nações produtoras como a Noruega e o México, mas, também, a Rússia. O arrefecimento da procura, conjugada com um excesso de oferta a nível global, indica que há uma sobreprodução de dois milhões de barris por dia, de acordo com as estimativas daquele especialista.

As projeções da Agência Internacional de Energia para 2015 revelam que a procura global deverá manter-se um milhão de barris abaixo do nível de consumo considerado “crítico”, no valor de 93,3 milhões de barris por dia, e há, ainda, que contar com a acumulação de reservas adicionais de 300 milhões na Europa e nos Estados Unidos da América. Existem perspetivas ainda mais negativas, para os produtores, do que aquelas que são adiantadas pela AIE. O departamento de Energia norte-americano acaba de reduzir as respetivas previsões de consumo para 880 mil barris por dia.

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“Queremos saber as verdadeiras razões que levaram a essa queda nos preços de petróleo”, disse Abdullah al-Badri.

Entre os estados que compõem a OPEP, não parece haver consenso. De acordo com uma informação da Lusa, os princípios fundamentais do mercado petrolífero, incluindo a oferta e a procura, não justificam a queda de preços atual, segundo afirmou o secretário-geral da OPEP, que sugeriu haver “especulação” de preços. “Queremos saber as verdadeiras razões que levaram a essa queda nos preços de petróleo”, disse Abdullah al-Badri, no Dubai, acrescentando que “a oferta e a procura têm tido um aumento [ligeiro] que não explica esta queda repentina de 50% verificada “desde meados de junho nas cotações da matéria-prima. A continuar este colapso, acrescentou, isso significará que “a especulação contribui fortemente para empurrar os preços para baixo”.

O West Texas Intermediate, segundo a Bloomberg, poderá baixar, durante esta semana, para 55 dólares por barril, após ter fechado, na sexta-feira, em 58 dólares, o nível mais baixo desde maio de 2009. Os preços já baixaram 46% desde que atingiram o valor máximo de 107,26 dólares em junho passado, o preço mais elevado registado em 2014. Quanto ao Brent, petróleo que é extraído no Mar do Norte, encerrou a semana passada em 61,85 dólares na ICE, o nível mais reduzido desde junho de 2009.

Os dois principais preços de referência mundiais já registaram uma queda de 20% desde 26 de novembro, precisamente na véspera do dia em que os 12 membros da OPEP tomaram a decisão de manter inalterada a produção de crude. “Podemos assistir a uma queda dos preços para 55 dólares” durante a próxima semana, afirmou à Bloomberg Tariq Zahir, um gestor de fundos de matérias-primas na Tyche Capital Advisors. Os consumidores, pelo seu lado, poderão continuar a contar com reduções nos preços dos combustíveis e a queda dos preços do crude poderão dar uma empurrão nas economias que necessitam desta fonte de energia.