Mariela Castro, filha do Presidente cubano, Raúl Castro, elogiou, esta quinta-feira, Barack Obama pela “coragem” da sua nova política que a apanhou de surpresa porque não estava a par dos contactos para o restabelecimento das relações.

“Felicito o Presidente Obama pela sua coragem. Realmente o que eu mais desejava era que passasse à história como o Presidente dos Estados Unidos que acabou com o bloqueio e que libertou os cinco [agentes cubanos presos]”, disse em entrevista à televisão norte-americana CNN, transmitida esta quinta-feira. Mariela Castro Espín confessou que, a determinado momento, pensou estar a ser “utópica” atendendo aos seus desejos, mas que, no fundo, não perdeu a esperança, pelo que agora está contente por “ter tido fé” numa possibilidade que se tornou realidade.

Afirmou também ter a certeza de que Fidel Castro “está muito feliz” quando questionada relativamente à opinião do seu tio sobre o processo de normalização das relações com os Estados Unidos. Apesar de dizer desconhecer os detalhes do processo, Mariela Castro também observou que Fidel “deverá ter participado nestas decisões”.

Mariela Castro, que é diretora do Centro Nacional de Educação Sexual e deputada ao Parlamento da ilha, assegurou que “não tinha a mínima ideia” de que negociações secretas entre representantes de Cuba e dos Estados Unidos decorriam há um ano e meio. “Na verdade, fiquei tão surpreendida ontem [na quarta-feira] como vocês, como todas as pessoas em Cuba e no mundo”, realçou.

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Para a filha de Raúl Castro, a libertação dos três agentes cubanos que continuavam presos nos Estados Unidos e a mudança de política de Washington em relação à ilha, que levará à retoma das relações diplomáticas e ao fim do bloqueio norte-americano vigente desde 1962, são “extremamente importantes” A seu ver, “grande parte do povo norte-americano” é partidário da normalização das relações e do fim do bloqueio”.

Segundo Mariela Castro, o “primeiro passo” a favor de Cuba deverá ser precisamente o fim do bloqueio, “o maio impedimento” ao desenvolvimento da ilha.Não obstante as mudanças que se avizinham, a deputada reiterou o valor da Revolução cubana, “um projeto, uma experiência histórica” para conquistar “justiça e igualdade social”.

Face às críticas relativamente à ausência de pluripartidarismo defendeu que tal não é sinónimo de democracia e negou que na ilha se restrinja a liberdade de expressão.”Dizemos o que queremos, ninguém nos pode calar. Trata-se de todo um cliché mediático que se inventou em relação a Cuba”, afirmou.

Sobre a possibilidade de o seu pai realizar uma visita aos Estados Unidos afirmou que ele “iria gostar muito”.