Todos os anos, milhares de cristãos em todo o mundo juntam-se para celebrar o nascimento do menino Jesus, para trocarem presentes, comer e para se deixarem maravilhar pelas iluminações de Natal. Mas, em vez de bacalhau, há quem prefira carpa e, em vez de rabanadas, bolos cobertos com chantili. Da Ásia à Europa, há tradições natalícias para todos os gostos e algumas podem parecer algo estranhas.
Na Índia, apenas 2,3% da população é cristã, o que corresponde a cerca de 25 milhões de pessoas. O Natal é celebrado como em qualquer outro lugar do mundo — com missa do galo, troca de presentes e, claro, uma árvore de Natal. Ou melhor, uma bananeira de Natal. Como não existem pinheiros na Índia, os indianos geralmente decoram bananeiras ou mangueiras.
No que diz respeito a refeições natalícias, os japoneses têm algumas tradições muito peculiares. Em 1974, uma campanha publicitária associou o Natal à marca KFC. Desde então, os restaurantes da cadeia de fast-food norte-americana tornaram-se num lugar de eleição para passar a consoada. No dia de Natal, as famílias reúnem-se para comer um cheesegurger ou uns nuggets de frango. Também no Japão, a sobremesa de eleição é um bolo de chocolate coberto com chantili. A procura é tanta que as encomendas têm de ser feitas com meses de antecedência.
Na noite de Natal, os checos costumam comer carpa. A tradição remonta ao século XI, quando os mosteiros costumavam construir lagos que eram usados para criar peixes. Até muito recentemente, as famílias checas tinham por hábito comprar uma carpa viva antes do Natal, que mantinham dentro de uma banheira até à consoada. Uma escama do peixe era depois guardada na carteira para dar sorte.
Na Finlândia, é costume visitar-se as campas daqueles que já partiram. Na verdade, em vários países, o Natal é também uma época em que se recordam os familiares que já faleceram. Em Portugal, por exemplo, havia a tradição de deixar um lugar vazio na mesa, conhecido por “lugar do morto”. Para além de uma visita ao cemitério, os finlandeses também costumavam ir à sauna, à semelhança do que também acontece na Estónia. Também na Escandinávia, na cidade sueca de Gavle, todos os anos é construída uma cabra feita de palha com 13 metros de altura. À meia-noite, ao soar da primeira badalada, a figura é incendiada.
Mais a norte, na Islândia, acredita-se que o Gato de Yule aparece para aterrorizar a população, especialmente aqueles que não receberam roupas novas no Natal. Mas não é a única criatura a aterrorizar a consoada islandesa. Outro ser aterrorizador é o Grýla, um ogre com três cabeças e cornos iguais ao de uma cabra. Os seus filhos, os Companheiros de Yule, distribuem presentes pelas crianças que se portaram bem durante o ano, e oferecem vegetais apodrecidos àqueles que se portaram mal. Na Áustria, a noite de Natal também é aterrorizada por um monstro — o Kampus –, que se acredita bater nas crianças mal comportadas com um pão. Já na Grécia, durante os doze dias que antecedem o Natal, uma raça de goblins malvados, os Kallikantzaroi, andam à solta pelas ruas espalhando o caos.
Na Noruega, acredita-se que as bruxas saem à rua na noite de Natal. Por causa disso, os noruegueses escondem as vassouras dentro de armários, para que elas não as roubem e voem por cima das casas. Apesar da maldade das bruxas norueguesas, em Itália acredita-se que estas oferecem presentes às crianças. No Natal, costuma contar-se a história de La Befana, uma mulher que se recusou a dar indicações aos Reis Magos por estar demasiado ocupada a limpar. Como castigo, foi forçada a voar montada numa vassoura para toda a eternidade.
Os ucranianos costumam decorar a árvore de Natal de uma maneira muito especial — com teias de aranha. A tradição remonta a um antigo conto ucraniano, que é a história de uma viúva e da sua família, que era tão pobre que não tinha dinheiro para decorar a árvore. Na noite de Natal, uma aranha teceu uma teia à volta da árvore que, com a primeira luz do dia, se transformou numa magnífica teia feita de ouro e prata.