As Nações Unidas já admitiram repensar o futuro da coligação de paz entre as Nações Unidas e a força da União Africana na região do Darfur, à medida que o governo do Sudão intensifica cada vez mais a pressão para a saída das tropas. Ban Ki-moon admitiu ceder e reduzir os efetivos no terreno, apesar de a violência continuar na região do oeste sudanês.
Os planos de retirada dos oficiais das Nações Unidas surgiram depois de o Tribunal Criminal Internacional ter anunciado a suspensão do caso de genocídio contra o presidente do Sudão Omar al-Bashir, por alegar que as nações internacionais não fizeram nada para garantir a sua detenção. De acordo com a Associated Press, foi o porta-voz das Nações Unidas Stephane Dujarric que confirmou esta sexta-feira que Ban Ki-moon se prepara para repensar a estratégia da missão.
A missão da ONU no Darfur é uma das maiores operações de manutenção da paz em curso, com um total de 20 mil soldados no terreno. Mas perante as exigências e a crescente pressão do presidente sudanês, a operação já foi reduzida em cerca de 4 mil efetivos e prepara-se para voltar a ser encurtada, não obstante o aumento da violência nos últimos meses.
A decisão de Ban Ki-moon de se encaminhar para a retirada dos homens de capacete azul surge pouco depois de o Presidente sudanês Omar al-Bashir ter ordenado a expulsão de dois oficiais das Nações Unidas, num gesto que foi considerado pelo secretário-geral da ONU como “inaceitável”. Antes, a 30 de novembro, já Omar al-Bashir tinha exigido o fim da missão das Nações Unidas no Darfur (a chamada UNAMID), que está no terreno em missão de estabilidade e paz desde 2007.
A verdade é que a missão tem sido criticada por não conseguir proteger os civis naquela que está a ser considerada uma das piores crises humanitárias do mundo. O conflito, que começou em 2003 quando um grupo de manifestantes foi reprimido pelo Governo, já custou dezenas de milhares de vidas e, de acordo com o New York Times, fez mais de dois milhões de refugiados.