Marcelo Rebelo de Sousa não poupou a maioria por ainda não ter anunciado uma eventual coligação PSD/CDS para as próximas legislativas, no habitual comentário que faz ao domingo na TVI. Para o ex-líder do PSD, quem está a ganhar com essa indefinição é o líder do PS: “António Costa está a marcar o passo e quem deve marcar o passo é Passos Coelho e Paulo Portas, e não o contrário”.

Sobre a mensagem de Ano Novo de Paulo Portas, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que faltou “iniciativa política” e “discurso mobilizador”. “Eu não sei se a maioria já percebeu, mas o PS está a liderar a iniciativa política e a maioria vai a reboque”, referiu, acrescentando que “à medida que se espera [por uma mensagem clara dos dois partidos], a coligação perde força”.

“Não basta o discurso de que PSD e CDS herdaram um país desfeito, à beira do caos, arruinado, que o equilibraram e que só por isso merecem continuar. Isso não chega”, disse, acrescentando que é preciso “mais do que isso, uma esperança, um projeto, uma ideia de futuro”.

Ainda sobre as mensagens políticas de 1 de janeiro, a de Cavaco Silva também mereceu um comentário do ex-líder do PSD para dizer que “há um consenso” de que o futuro do do país deve passar pelo equilíbrio nas finanças publicas, externo, pelas exportações, investimento estrangeiro e emprego. Tudo “fundamental” para Marcelo Rebelo de Sousa, mas ainda assim “um bocadinho pobre”.

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“Isto é fazer aquilo que muita gente na Europa acha que nós devemos fazer”, adiantou, referindo que falta “um projeto nacional”.

A Europa já tinha estado em destaque no início do comentário deste domingo, a propósito das eleições na Grécia. Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para lembrar que “em democracia, é o povo quem mais ordena” e que os gregos devem fazer aquilo que for “bom” para a Grécia, independentemente da vontade dos restantes líderes europeus.

“Às tantas, Bruxelas trata os Estados-membros de uma forma mais arrogante do que Washington trata os estados federados na América e ali é uma federação”, disse, esperando que “a inteligência presida à conduta dos governantes europeus” e que a solução encontrada no país seja “a melhor para todos nós”.

Sobre o fim do “jardinismo” na Madeira e a eleição de Miguel Albuquerque como líder do PSD na região, o professor afirmou que Alberto João Jardim “demorou tempo demais a sair” e que os últimos 12 anos na liderança do partido tinham sido “penosos”.

“Quem não sabe sair pelo seu pé e sai tarde demais, sai aos empurrões. É injusto e triste, porque ele não merecia”, revelou.

A entrevista de José Sócrates à TVI também não ficou de fora e o ex-líder do PSD lamentou que não lhe tivessem sido feitas duas perguntas: se enquanto primeiro-ministro participou nalguma decisão que tivesse beneficiado o grupo Lena; e se tem ideia de quanto recebeu do seu amigo Carlos Santos Silva. “Ele não quer ser esquecido”, referiu.