A conversa foi de António Costa para Marco António Costa, líder do PS e vice-presidente do PSD: socialistas e sociais-democratas devem entender-se até julho em dois ou três temas muito pontuais, nomeadamente para resolver o problema da cobertura das campanhas eleitorais. A legislação eleitoral tem criado problemas aos meios de comunicação, sobretudo às televisões, impedidos pela Comissão Nacional de Eleições de fazerem uma cobertura mais selecionada dos eventos de campanha e também de fazerem debates que não incluam todos os candidatos. O PS de Costa tenta agora atalhar caminho e resolver a questão a tempo das legislativas de outubro. Em tudo o resto, Costa disse não ao PSD.

A reunião de hoje na São Caetano serviu ao novo líder socialista para cumprir roteiro. À saída, de resto como aconteceu dentro da sala, Costa passou a mensagem de que o país precisa de diálogo político para resolver os problemas do médio prazo. Marco António Costa, pelo PSD, levou resposta preparada: o desafio para que fosse criada uma plataforma política até às legislativas para discutir temas centrais do país: sobre natalidade, por exemplo, ou as pensões, tema caro ao PSD de Passos Coelho. Ao não do socialista, veio outra ideia: e porque não recuperar a enterrada comissão eventual para a reforma do Estado, na Assembleia, que deixasse um “legado” ao próximo Governo? Costa voltou a dizer que não, lembrando que a comissão tinha sido criada sob pretexto de um polémico relatório do FMI, recusado pelos socialistas.

Em jeito de lamento, o secretário-geral do PS ainda disse que devia ter havido mais diálogo entre as partes, Governo e oposição. Sobre temas como a privatização da TAP (onde há diferenças de modelos propostos), a gestão dos fundos comunitários (que Costa tem dito ter sido mal preparada) ou a concessão dos transportes públicos (a que o autarca de Lisboa se candidatou).

De não em não, sobrou o aviso, relatado ao Observador por um dos presentes na reunião (do lado social-democrata): se o PS recusa falar até às legislativas sobre o futuro do país, se depois demorará a discutir o próximo Governo, depois ainda o seu primeiro orçamento, se depois disso se metem as presidenciais… então o país só terá diálogo político no verão de 2016.

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Da São Caetano não sobrou, assim, nada de muito estrutural. Mas ficou o acordo para um diálogo parlamentar pontual. Começando nas regras da campanha que aí vem. Mas para isso os dois partidos precisam de resolver as diferenças no método para haver maior cobertura mediática: há um ano, o PSD e CDS propunham separar a pré-campanha, dando aí total liberdade editorial aos media, enquanto o PS (de Seguro) propunha apenas que a CNE deve assegurar “um mecanismo de concertação e mediação entre as candidaturas e os órgãos de comunicação social”.