O social-democrata e comentador Marcelo Rebelo de Sousa aconselhou esta terça-feira a direita a refletir para encontrar uma fórmula que não a divida “ainda mais”, sob pena de perder quer legislativas quer presidenciais.

“É preciso ver como a direita se arruma em termos de legislativas (…) e como é que se encontra uma fórmula que não divida ainda mais a direita portuguesa (…) que neste momento vale um terço do eleitorado”, afirmou o social-democrata à margem de um debate sobre Portugal 2020 a decorrer em Vila do Conde.

Para o comentador, “se esse terço se divide, quer em termos legislativos quer em termos presidenciais, não serve para nada. Não serve para ganhar legislativas, porque só se ganha com 44%, e não serve para ganhar presidenciais, que só se ganham com 50%”. “A direita tem de fazer uma reflexão sobre se quer avançar para o abismo ou se quer ter chances para as legislativas ou presidenciais e é uma decisão que os responsáveis, a começar pelos do PSD e do CDS, têm de tomar”, assinalou.

Sobre o repto lançado por Santana Lopes referiu que “o centro-direita, em matéria de legislativas, tem de decidir o que tem de fazer”, ou seja, “se vai em coligação ou não” e mais tarde, em termos de presidenciais, “também tem de se definir”. “Há uma coisa que me parece realista, as sondagens são o que são e dão um terço ao centro-direita neste momento. Como é que se consegue fazer omeletes com um terço de ovos para chegar aos 44% e ganhar as legislativas e chegar aos 50% e ganhar as presidenciais, é a reflexão importante que vai ser feita nos próximos tempos”, referiu.

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O Observador sabe que os apoiantes de Santana Lopes olham para este período como uma espécie de “primárias à direita”, considerando que o candidato que mais cedo se destacar, ganha terreno face a Guterres que depois das declarações de sábado ao Expresso, não está fora da corrida.

Questionado sobre se vai ser candidato presidencial, Marcelo respondeu ainda que neste momento “não faz sentido (…) alimentar uma novela que acaba por ser autodestrutiva para a direita”. Lembrou ainda a experiência Soares-Alegre que mostrou como “numa altura em que a esquerda tinha maioria como era possível, com maioria legislativa, perder as presidenciais”.

No entanto, dentro do PSD, Marcelo já está a ser criticado pela sua postura face às presidenciais. Na emissão do programa Falar Claro da Rádio Renascença, Morais Sarmento disse que o comentário do professor sobre o discurso de Ano Novo de Cavaco Silva “foi claramente falar como um possível candidato nas próximas eleições presidenciais”. “Pedro Santana Lopes, inteligentemente, faz o que Marcelo nunca faz: surge de peito aberto e o seu adversário é António Guterres e é sobre António Guterres que ele fala. Marcelo elogia António Guterres, critica Cavaco Silva”, disse ainda o social-democrata.