Pedro Santana Lopes ainda está a pensar se avança ou não com uma candidatura às eleições presidenciais do próximo ano. A decisão deverá ser tomada nos próximos três meses, diz o antigo primeiro-ministro, que, em declarações ao Diário de Notícias, considera estar “incluído” nas hipóteses da direita a essas eleições. E Santana admite avançar mesmo que Marcelo Rebelo de Sousa também se candidate. “Porque não se faz como em França e não vão mais candidatos do centro-direita à primeira volta? A ideia de que só pode ir um não tem cabimento”, afirma.
Segundo o atual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a altura ideal para apresentar candidaturas será até maio, contrariando assim a ideia, defendida ontem de novo por Marcelo, de que outubro ou novembro, depois das legislativas, é a melhor altura. “Em outubro é impossível, é ridiculamente tarde”, disse, lançando a farpa ao comentador da TVI: “Quem diz que só decide em outubro é porque não vai avançar”.
Entretanto, já depois da uma da manhã desta segunda-feira, em comentário ao título que faz a manchete do Diário de Notícias (“Santana admite candidatar-se mesmo contra Marcelo”), o ex-primeiro-ministro escreveu no seu Facebook que as suas declarações ao matutino não devem ser interpretadas como uma oposição a Marcelo. “Quem é candidato à Presidência nunca o é contra ninguém”, lê-se.
António Guterres é outro dos visados pelos comentários de Santana. O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados e potencial candidato da esquerda tem a sua candidatura dependente de uma eventual continuação na ONU. Algo que, para Santana, não se admite. “A decisão sobre uma candidatura presidencial não é bem como ir a uma agência de head hunter e escolher entre duas ou três hipóteses de trabalho”, escreveu o social-democrata no Facebook.
Ao DN, admite que Guterres “é o adversário mais estimulante” que poderia ter, mas discorda da estratégia do socialista de não assumir já se avança ou não para Belém. “Quando o pai abandona a família numa altura difícil, a família não pode estar sempre a ligar a perguntar quando volta”, criticou Santana, que não tem medo de Guterres. “Não acredito em sebastianismos, muito menos dos que vêm de pântanos”.