É o mais recente episódio de bombardeiros russos a sobrevoar espaço aéreo europeu, e podia ter tido consequências desastrosas. A Força Aérea britânica detetou na quarta-feira a presença de duas aeronaves russas de longo alcance a sobrevoar o canal da Mancha – zona de intensa circulação de aviões de passageiros. Os bombardeiros circulavam com os transmissores desligados, tornando-os invisíveis para a aviação civil e apenas detetáveis através de radares militares.

O episódio, que segundo a imprensa britânica podia ter tido consequências “desastrosas” devido à intensa circulação de aviões comerciais na área, acirrou as tensões diplomáticas com a Rússia. Depois de a Força Aérea Real (RAF) ter acionado os seus caças Typhoon, que escoltaram os bombardeiros russos Tu-95 para fora da “área de interesse” do Reino Unido, o Governo britânico chamou mesmo o embaixador russo para se explicar.

Os Negócios Estrangeiros britânicos estão a encarar a visita inesperada com uma “escalada significativa” da parte de Vladimir Putin, já que até aqui os russos apenas se tinham atrevido a sobrevoar o espaço aéreo junto à Escócia. De acordo com o Telegraph, vários voos que se preparavam para aterrar em solo britânico tiveram mesmo de ser desviados para evitar potenciais desastres.

“Foi muito perigoso, [os aviões russos] nunca tinham voado tão para sul como agora”, disse ao jornal britânico uma fonte da Força Aérea, acrescentando que vários voos civis tiveram de ser desviados uma vez que “os bombardeiros circulavam com os transmissores desligados, apenas detetáveis pelos radares militares”. O movimento está a ser encarado como uma forma de a Rússia ostentar poder e mostrar que “ainda é uma força que tem de ser reconhecida”.

Esta não é, no entanto, a primeira vez que aviões militares russos são avistados desta forma. Os bombardeiros russos Tu-95, também chamados de ‘Bear’, têm capacidade para transportar armas nucleares e têm estado na origem de vários episódios similares por toda a Europa, incluindo Portugal. No final de outubro, as Forças Armadas portuguesas detetaram a presença das mesmas aeronaves a sobrevoar águas internacionais a noroeste do país que “voavam alto, rápido e sem comunicações com o Controlo de Tráfego Aéreo”. Na altura, o episódio terminou também com dois caças F-16 portugueses a intercetar, identificar e escoltar os dois aviões militares russos para fora daquele espaço aéreo.

Na altura, o episódio repetiu-se na Noruega e também no Reino Unido. Segundo a NATO, os aparelhos russos não tinham apresentado planos de voo, não estabeleceram qualquer contacto com as autoridades de aviação civil e não corresponderam às comunicações, o que “representou um risco potencial para os voos civis”.

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