O PSD vai votar contra os requerimentos da oposição pedindo que o Presidente da República responda a questões por escrito na comissão de inquérito à gestão do BES e do GES, disse à agência Lusa fonte parlamentar social-democrata.
O PSD, indicou a mesma fonte, “considera que é absolutamente lamentável que uma estratégia de lançar a confusão” e “um conjunto de manobras de diversão” de Ricardo Salgado tenha “vindo a ser seguida pelos partidos da oposição”.
Em causa estão pedidos já formalizados ou em vias de o serem de PS, PCP e BE reclamando que Cavaco Silva preste esclarecimentos sobre reuniões tidas com o ex-banqueiro histórico do BES em 2014. “O grupo parlamentar do PSD não está disposto a deixar que as atenções se desviem daquilo que é o verdadeiro objeto da comissão de inquérito”, alertou a fonte ‘laranja’ à Lusa.
PSD não se opõe a depoimento por escrito de Passos Coelho
Já no que refere a um requerimento que o PS vai apresentar pedindo um depoimento por escrito do primeiro-ministro sobre encontros tidos também com Salgado, os sociais-democratas não têm “nada a opor” ao mesmo, embora lamentando aquilo que dizem ser uma “competição” entre PS, PCP e BE “a ver quem faz mais números políticos”.
O pedido dos socialistas pede igualmente um depoimento por escrito ao Presidente da República. Os socialistas consideram fundamental que seja esclarecido o que é que as autoridades políticas em Portugal sabiam antes do arranque do processo de subscrição do aumento de capital, nomeadamente, no que diz respeito à situação financeira do GES e ao seu impacto no BES.
O antigo presidente executivo do BES Ricardo Salgado reuniu-se duas vezes em 2014 com o Presidente da República tendo alertado Cavaco Silva sobre os “riscos sistémicos” envolvendo o GES e o BES, disse o ex-banqueiro em carta endereçada à comissão parlamentar de inquérito.
Na missiva, a que a agência Lusa teve acesso na quinta-feira, Ricardo Salgado diz que se reuniu com Cavaco Silva numa primeira fase a 31 de março, ao passo que a 07 de abril encontrou-se com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. No dia seguinte o ex-banqueiro esteve com a ministra das Finanças, e a 22 de abril deu-se uma reunião com o agora ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.
No segundo leque de reuniões, em maio, Salgado esteve reunido com o ex-secretário de Estado e atual comissário europeu Carlos Moedas no dia 02, com o Presidente da República a 06, com a ministra das Finanças e o primeiro-ministro a 14, e com o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, no dia 20. Também em maio deu-se outra reunião com Durão Barroso que Ricardo Salgado não consegue precisar a data.
As diligências, diz o ex-banqueiro na carta enviada ao parlamento, “visavam, entre outros objetivos, informar as entidades competentes sobre as preocupações do GES e, reitere-se, do próprio BES”. “Foi nesse contexto que assumi ser meu dever prevenir, mais uma vez, as entidades regulatórias e políticas para os riscos sistémicos, designadamente ao nível do setor financeiro”, sublinha Ricardo Salgado.
A primeira fase de contactos deu-se em março e abril e nela foi abordada a “evolução do BES e a necessidade de assegurar que a transição da respetiva ‘governance’ decorresse de forma estável e controlada”, e no segundo rol de encontros, em maio, deu-se um “pedido de apoio institucional e, ainda, [de] confiança nos planos de recuperação apresentados e na estratégia delineada”.