“Acredito que ele aceite, provavelmente já aceitou”. Marcelo Rebelo de Sousa comentou assim a hipótese de António Vitorino ser o candidato do Partido Socialista às próximas eleições presidenciais caso António Guterres não avance. E o comentador, e há muito apontado como um dos mais fortes candidatos a ser o candidato da direita a essas mesmas eleições, acredita que o atual Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados não vai mesmo apresentar-se.
“Isso tem-se dito sucessivamente, e aparentemente os sinais vão cada vez mais nesse sentido, de ele se virar mais para a política internacional e menos para a política interna, ou pelo menos não se virar tanto para a candidatura presidencial.”
Na edição deste fim de semana o jornal Expresso dizia que Guterres já avisou António Costa que não vai voltar a Portugal para ser o candidato às presidenciais.
No habitual comentário na TVI, Marcelo, e voltando a Vitorino, revelou não ter quaisquer dúvidas, com António Guterres fora da corrida presidencial, António Vitorino será, inequivocamente, a escolha do secretário-geral socialista: “Eu acho que na cabeça de ambos está uma coisa muito clara que é, definido que António Guterres não é candidato, é António Vitorino.”
E Marcelo elogiou o possível futuro opositor – eu sou suspeito porque gosto muito da pessoa de António Vitorino – apesar de lhe reconhecer características que talvez não encaixem bem no que é tradicional para o cargo – é um perfil diferente do perfil clássico de presidente da República, que é de um senador, mais velho, mais institucional, mas o que é facto é que vários dos nomes que têm sido falados não entram nesse perfil. Pedro Santana Lopes e Rui Rio também também não entram nesse perfil. Nesse sentido António Guterres tinha mais esse perfil.
Questionado por Judite de Sousa se ele próprio teria esse perfil, Marcelo Rebelo de Sousa foi perentório: “Eu também não me vejo nesse perfil.”
Apesar da afirmação, e comentando também as declarações de sábado de Marques Mendes na SIC, que disse que sem Guterres Marcelo tinha uma autoestrada aberta para a presidência, o comentador optou por manter a dúvida: “Primeiro antes de Outubro não há nenhuma decisão tomada. Segundo, em política não há autoestradas, nem nas legislativas nem nas presidenciais. À direita não há autoestradas, a direita, para as duas eleições, vai ter de percorrer um caminho difícil.”
Outro dos nomes que surge associado às próximas eleições presidenciais deste ano tem sido o de Pedro Santana Lopes. E também ele mereceu menção de Marcelo. A propósito do anúncio de Santana de que só esclareceria, definitivamente, se será ou não candidato em outubro, e que não queria não pretendia confusões com as atuais funções na Santa Casa, o comentador afirmou que Santana percebeu o que está em jogo, em termos de timing.
“Ele disse que havia muita coisa indefinida. A coligação formava-se ou não, as legislativas, as mudanças no mundo, na Europa, como quem diz: o tempo não é este. Eu penso que esse argumento, ‘o tempo não é este’, pesou decisivamente no adiamento. Eu acho que ele não disse que não era candidato, ele disse apenas que a questão que disse que tinha para decidir em março ou abril seria decidida em outubro.”