“Proxenetas, clientes, culpa”. Esta foi uma das mensagens escrita a negro no corpo despido de três mulheres que esta terça-feira se plantaram, em sinal de protesto, à porta do tribunal de Lille, onde o ex-ministro francês Strauss-Kahn está a ser julgado por suspeitas de exploração de uma rede de prostituição. As mulheres acabaram por ser levadas pela polícia. Em tribunal, o ex-diretor do Fundo Monetário Internacional continua a negar ter pagado para ter sexo.

As manifestantes do grupo feminino “Femen” esperaram por Strauss-Kahn junto ao tribunal e, num claro sinal de protesto, treparam para o carro de vidros escurecidos onde seguia o ex-governante impedindo-o de avançar para a garagem. A polícia foi obrigada a intervir.

As audições aos 14 arguidos começaram na semana passada e estes três dias estão por conta do ex-responsável pelo Fundo Monetário Internacional que deverá defender-se no processo que ficou conhecido como “Carlton Affair”, onde é acusado de participar em orgias com prostitutas.

Strauss-Kahn diz que está a ser julgado pela sua vida “libertina”. E acabou por admitir já ter participado nalgumas festas, mas de nunca ter pagado a mulheres. Mais. Diz que nem sabia, sequer, que elas eram prostitutas.

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O ex-diretor do FMI começou a ser ouvido pelas 11h00 locais. Antes de começar a falar, foi lida a carta que escreveu aos psiquiatras que devia traçar uma avaliação da sua personalidade. “Não cometi nem crime nem delito”, escreveu.

“Quando se lê o despacho judicial fica-se com a impressão de uma atividade frenética”, em que as datas se misturam sem precisão, afirmou Strauss-Kahn. “Não houve essa atividade desenfreada”, disse.

O principal elemento da acusação contra Strauss-Kahn são os testemunhos das prostitutas, que asseguraram que o político francês sabia, e não podia ignorar, que elas estavam ali por dinheiro. Se não conseguir convencer os juízes e for considerado culpado, incorre numa pena de até 10 anos de prisão e 1,5 milhões de euros de multa por proxenetismo agravado.

 

Os juízes que decidiram levar Strauss-Kahn a julgamento – apesar de um parecer em contrário do Ministério Público – querem provar que o ex-diretor do FMI sabia que as participantes de orgias com ele e um grupo de amigos eram prostitutas.