O Presidente da República considerou hoje “um ganho para Portugal” a antecipação do reembolso ao Fundo Monetário Internacional (FMI) do empréstimo concedido no âmbito do acordo com a ‘troika’.
“É um ganho para Portugal, é um ganho para os portugueses e eu espero que seja um ganho para aqueles que foram mais atingidos pelos problemas que atingiram o nosso país“, afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, em declarações aos jornalistas à saída da sessão de abertura do X Congresso Nacional do Milho, que decorre num hotel de Lisboa.
Sublinhando a forma como “a situação evolui significativamente”, Cavaco Silva questionou quem “se atreveria a antecipar” há um ano este desfecho.
“Quem diria há um ano atrás que Portugal não precisava de um segundo resgate, que Portugal não precisava de um programa cautelar e quem se atrevia a antecipar que Portugal ia pagar antecipadamente ao FMI os empréstimos que foi obrigado a contrair”, interrogou.
Fonte do ministério da Finanças confirmou na terça-feira que o Governo português já enviou aos credores internacionais o plano de reembolso antecipado ao Fundo Monetário Internacional, segundo o qual prevê devolver 14 mil milhões de euros ao longo de dois anos e meio.
Posteriormente, uma porta-voz do executivo comunitário afirmou que o plano de reembolso antecipado ao FMI está já a ser avaliado pelas instituições europeias, merecendo à partida o aval da Comissão Europeia.
Caso este plano seja aprovado, isto significa que Portugal vai devolver mais de metade do crédito devido à instituição liderada por Christine Lagarde em dois anos e meio, uma vez que o Fundo emprestou 27,38 mil milhões de euros, de acordo com a versão mais recente do calendário de amortização da dívida direta do Estado da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), de janeiro.
A 21 de janeiro, a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, já tinha anunciado no parlamento que Portugal vai proceder ao pagamento antecipado do empréstimo contraído ao FMI durante o resgate financeiro do país, uma vez que o Estado acumulou “um montante de reservas de liquidez muito significativo” que permite “enfrentar com muita tranquilidade” eventuais dificuldades futuras.