“As tarjas, as tochas na bancada e no relvado, são um problema que devia ter sido resolvido em dois sítios: Na Liga e na Polícia. Não no facebook, em comunicados, em propaganda!”. Foi Luís Filipe Vieira quem o disse, na sexta-feira, na primeira aparição pública desde o dérbi em Alvalade. Seis dias passaram e o presidente do Benfica respondeu às palavras, claro está, de Bruno de Carvalho, presidente do Sporting.
Seja em discursos, conferências de imprensa, entrevistas ou em redes sociais, um dirigente tem à escolha vários meios de comunicação. O líder dos leões tem escolhido o Facebook, onde acusou Vieira de lhe propor “uma aliança consigo” para irem “alternando as vitórias no campeonato”, depois de criticar o silêncio e a ausência de um pedido de desculpas vindo do presidente encarnado após a tarja apresentada por adeptos do Benfica a 7 de fevereiro, no dérbi do futsal, com a qual aludiram à morte de um adepto leonino.
Luís Filipe Vieira lembrou depois que, do Sporting, nunca chegou a receber reação após o incêndio que, em novembro de 2011, foi deflagrado numa parte da bancada do Estádio da Luz por adeptos leoninos. Pelo meio, a 10 de fevereiro, os leões cortaram as relações institucionais com os encarnados.
Tudo isto começou quando João Gabriel, diretor de comunicação do clube da Luz, apelidou de “folclore” as críticas que, logo após o dérbi, Bruno de Carvalho tecera, lá está, na sua página de Facebook. Muito se tem escrito, dito e falado sobre esta guerra que vai aquecendo entre os rivais lisboetas, mas muito pouca atenção se tem prestado ao que realmente interessa — o facto de, no passado fim de semana, pela enésima vez, se ter visto violência e mensagens repudiáveis a aparecerem num estádio de futebol e num pavilhão de futsal.
Enquanto os presidentes de Sporting e Benfica disparam um contra o outro, da Liga Portuguesa de Futebol Profissional ou da parte da Federação Portuguesa de Futebol ainda nada se leu ou ouviu quanto a investigações ou inquéritos para, de vez, serem tomadas medidas contra este tipo de acontecimentos no futebol. Agora sim, parece haver folclore.
Guardar a baliza de um grande, de quem tem a história cheia de títulos, taças e conquistas, é complicado. Não por o trabalho ser muito, pois, se a teoria e a prática forem amigas, os adversários poucas vezes levarão a bola até à área de um Benfica, FC Porto ou Sporting. Numa partida de hora e meia de ação, pode acontecer que um guarda-redes toque apenas duas ou três vezes com as luvas na bola. Ou seja, largos minutos passarão em que parece ser o espetador que melhor bilhete comprou para assistir ao encontro.
Isto não ajuda. É mais fácil manter-se concentrado o guarda-redes que tem a baliza sob constante bombardeamento, do que outro que, se for preciso, só vê um remate a ser disparado na sua direção durante um jogo inteiro. O primeiro pode amolecer, começar a pensar em outras coisas, divagar e distrair-se, porque tem tempo de sobra para isso. Enquanto o outro não pode, sequer, dar-se a esse luxo. Nada disto serve de desculpa para Rui Patrício — porque, aos 27 anos e com mais de 300 partidas feitas pelos leões, o guardião já devia estar habituado.
Aos 70’ do dérbi com o Belenenses saiu da baliza, quis chutar uma bola para longe, acertou-lhe mal, bateu-a contra Paulo Oliveira, inventou um frango e deixou que Rui Fonte marcasse um golo. O Sporting só empatou na última jogada e, agora, está a nove pontos do Benfica e a cinco do FC Porto, equipa que enfrentará na próxima jornada. Aí, se não vencer, até o segundo lugar do campeonato ficará longe demais para ser alcançado. Um empate, por exemplo, de nada valerá. A equipa já vai com muitos — são oito — e só outro clube conseguiu, até agora, não desbloquear mais jogos.
É a Académica, que tem sido incapaz de estudar uma forma de não ir enchendo o saco dos empates que carrega atrás de si. Vai com 12 registados, todos com Paulo Sérgio a dar ordens. Este fim de semana foi mais um, em casa, com o Boavista à frente, e talvez por isso o clube tenha tomado uma atitude. O treinador foi demitido, depois de conseguir apenas uma vitória em 21 jogos para a liga. É pouco, muito pouco e, portanto, o português tornou-se no quarto técnico a ser despedido esta temporada, no campeonato.
Na época passada foram seis os treinadores que, durante o ano, receberam ordem de marcha. Logo, por este andar, os clubes vão despedir menos esta temporada — para já, só João de Deus (Gil Vicente), Ricardo Shéu (Penafiel), Domingos Paciência (Vitória de Setúbal) e, agora, Paulo Sérgio abandonaram as equipas que treinavam. Das duas uma: ou os clubes estão a ficar com mais paciência, ou com menos dinheiro e vontade em gastá-lo para pagar indemnizações aos técnicos dos quais abdicam antes de o contrato terminar.
Um das trocas, aliás, está a dar bastantes frutos. O Gil Vicente voltou a ganhar (1-0, frente ao Paços de Ferreira) e, com José Mota, que por lá anda a treinar desde a quarta jornada, já vai no 15.º lugar, fora da zona de despromoção, fruto dos 17 pontos que já conquistou com este treinador.
Quem se mantém ao leme do Benfica, já lá vão quase seis épocas, é Jorge Jesus, que voltou a ganhar e, deste modo, aumentou a vantagem para o Sporting. E, por este andar, mesmo não sendo campeão, Julen Lopetegui também poderá ir ficando no Dragão. O jogo viciado na posse de bola e no abuso do passe, para a rodar de um lado a outro do campo, à procura de espaços, parece estar a ser cada vez mais afinado. Isso viu-se na sexta-feira, sobretudo durante a primeira parte da vitória contra o Vitória de Guimarães. Veremos se a afinação continua na Liga dos Campeões, quando o FC Porto defrontar os suíços do Basileia, treinado pelo português Paulo Sousa.
FC Porto 1-0 Vitória de Guimarães
Gil Vicente 1-0 Paços de Ferreira
Belenenses 1-1 Sporting
Penafiel 3-4 Marítimo
Rio Ave 1-1 Moreirense
Académica 0-0 Boavista
Benfica 3-0 Vitória de Setúbal
Sporting de Braga 2-0 Arouca
* o Nacional da Madeira-Estoril Praia só arranca às 20h desta segunda-feira
Houve golos em fartura em Penafiel. A equipa da casa marcou três, mas deixou que o Marítimo fizesse mais e melhor. Os madeirenses marcaram quatro e lá conseguiram a segunda vitória fora do Funchal. Pouco para quem, ano após ano, tem os objetivos focados em conseguir um lugar de qualificação para as competições europeias. Quem cimentou um desses postos foi o Sporting de Braga, que além de se afastar do Vitória de Guimarães em três pontos, conseguiu cortar um no caminho que o separa do terceiro lugar do Sporting.