A Rolls-Royce foi acusada de estar envolvida num esquema de corrupção com a Petrobras. A empresa britânica, que fabrica turbinas de gás para as plataformas de petróleo da companhia estatal brasileira, terá pago subornos em troca de um contrato de 100 milhões de dólares (88 milhões de euros), conta o Financial Times. Esta operação desenvolveu-se maioritariamente durante a década passada.
Pedro Barusco, um antigo executivo da Petrobras, foi o whistleblower. Barusco transformou-se num informador importante no maior processo de corrupção do Brasil e afirmou à policia que recebeu pelo menos 175 mil euros da Rolls-Royce. Segundo o mesmo, políticos e outros executivos da empresa petrolífera receberam semelhantes incentivos. As declarações do brasileiro, que garantiu um acordo judicial em novembro, foram conhecidas este mês, em 600 páginas divulgadas pelo tribunal federal daquele país.
A Rolls-Royce já se defendeu. “Queremos deixar muito claro que não vamos tolerar uma conduta empresarial imprópria de qualquer espécie e que tomaremos as medidas necessárias para o assegurar”, pode ler-se no mesmo artigo do FT.
O diário britânico recorda ainda que a Rolls-Royce tem estado debaixo dos holofotes da justiça do Reino Unido, depois das acusações de corrupção e subornos na China, Índia e Indonésia, como contava em março de 2014 o Telegraph. Em fevereiro do mesmo ano, o mesmo jornal dava conta das detenções de dois elementos da empresa britânica após buscas em habitações.
O escândalo da Petrobras tem arrastado várias empresas para o centro do furacão. Exemplo disso são a SBM Offshore, uma empresa sediada na Holanda com ligações ao petróleo, a Keppel Corporation e a Sembcorp Marine, duas empresas com sede na Singapura, que estão também associadas à gigante petrolífera. A Keppel e a Sembocorp rejeitaram as acusações.
Em novembro, Barusco agitou a política brasileira quando acusou João Vaccari Neto, tesoureiro do PT (Partido dos Trabalhadores, de Dilma Rousseff), de ter recebido entre 131 e 175 milhões em subornos, entre 2003 e 2013, através de fraudes de cerca de 90 contratos, contava a revista Veja.
O esquema da Petrobras, avaliado por especialistas em 17,5 mil milhões de euros, assombrou a campanha eleitoral para as presidenciais e chegou a ameaçar a reeleição de Dilma Rousseff, mas esta acabaria por vencer.