Foi identificada uma nova mutação no organismo que provoca a malária, que o torna resistente aos medicamentos, refere o Independent. A investigação foi realizada por um grupo de cientistas da Unidade de Investigação de Medicina Tropical de Mahidol-Oxford, na Birmânia.

O estudo, publicado na revista The Lancet, refere que, ao todo, foram identificadas 26 mutações resistentes aos tratamentos feitos com Artemisinina, o medicamento utilizado no tratamento da malária. Dessas 26, nove nunca tinham sido identificadas na região do sudeste asiático.

Uma dessas mutações, relativa ao gene K13, foi identificada pela primeira vez no Camboja, mas tem vindo a espalhar-se a partir do sudeste da Birmânia — onde os casos são cada vez mais frequentes — e já chegou à fronteira com a Índia. Das 940 amostras analisadas, oriundas de várias zonas do país, 371 continham o gene K13.

Se o organismo conseguir passar a fronteira indiana e chegar a África, onde são registados anualmente 90% dos casos de malária, poderá causar uma crise mundial de saúde. Ao Independent, Charles Woodrow, autor principal do novo estudo, explicou que “a Birmânia é considerada a fronteira na batalha contra a resistência à Artemisinina, pois forma uma porta de entrada para a resistência se espalhar no resto do mundo”.

A malária é uma doença infecciosa provocada por um parasita, que é transmitido apenas por mosquitos fêmea. A Artemisinina, um derivado de uma planta chinesa usada na medicina tradicional, é o medicamento usado no tratamento na forma mais comum de malária, provocada pelo parasita Plasmodium falciparum. A sua utilização, nomeadamente nos países africanos, levou a uma diminuição de 47% das vítimas mortais entre 2000 e 2014.

Mike Turner, diretor de imunologia da fundação Wellcome Trust, explicou ao Independent que esta não é a primeira vez que são encontradas no organismo mutações resistentes aos tratamentos. As primeiras surgiram durante a década de 1960, no sudeste asiático, e causaram a morte de milhares de pessoas. “Esta nova investigação mostra que a história se está a repetir com parasitas que são resistentes à Artemisinina”, afirmou. “Estamos perante uma ameaça iminente da resistência chegar à Índia, onde centenas de vidas poderão estar em risco”, acrescentou.

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