A empresária angolana Isabel dos Santos, segunda maior acionista do BPI, quer que o banco liderado por Fernando Ulrich negoceie uma fusão com o BCP – no que seria uma repetição da operação que fracassou em 2007. Segundo o Expresso, que cita fontes próximas do processo, Isabel dos Santos quer, assim, travar a oferta lançada pelos espanhóis do Caixabank, acreditando que pode haver um negócio mais vantajoso para os acionistas do BPI. Um analista diz que esta intenção “vem mudar completamente o jogo”.

Isabel dos Santos já tem mantido contactos com acionistas do BCP nos últimos dias, segundo o Expresso. Entre esses contactos estão a angolana Sonangol, a maior acionista individual do BCP, com 19,44%.

O Expresso acrescenta que a Santoro, empresa de Isabel dos Santos que detém a participação no BPI, irá “em breve” comunicar ao mercado a intenção de avançar com a análise da operação. O Jornal de Negócios diz que o anúncio formal será feito ainda esta segunda-feira.

“Esta intenção de Isabel dos Santos vem mudar completamente o jogo, levando os investidores do BPI a pensar nas vantagens de participar num mega-banco nacional”, diz ao Observador Steven Santos, gestor da corretora XTB Portugal.

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“O que Isabel dos Santos estará a fazer é responder à proposta do Caixabank com uma contra-proposta de fusão, apoiando-se na sua ligação à Sonangol”, acrescenta o especialista, notando que “Isabel dos Santos não se limita a reagir ao Caixabank, propor-se mudar a estrutura competitiva em Portugal”.

O analista acredita que “uma eventual proposta de fusão entre o BCP e o BPI poderá ser uma forma de incentivar o Caixabank a elevar a oferta que lançou”.

O CaixaBank anunciou a 17 de fevereiro de 2015 uma proposta pública de compra do capital que ainda não detém no BPI. Os espanhóis já detêm 44,1% do capital social e propõem-se comprar a totalidade (100%) do banco do qual já são o maior acionista individual. A oferta está condicionada à obtenção de, pelo menos, 50% do capital, pelo que as ordens de venda dos investidores que aceitem a oferta só terão efeito se o CaixaBank conseguir persuadir, pelo menos, 5,9% do capital a vender as suas ações aos espanhóis.

Contudo, a proposta do Caixabank é condicionada à retirada do limite de 20% dos direitos de voto, algo que terá de passar em assembleia-geral de acionistas. A Santoro tem 18,6% do capital do BPI.

Mas Steven Santos, da XTB Portugal, duvida que, “depois dos esforços recentes para reduzir os custos e voltar aos resultados operacionais positivos, o BCP se queira envolver numa fusão, que é sempre um processo complexo e demorado”.

Segundo cálculos do Banco Carregosa, Isabel dos Santos estará perante uma possível mais-valia na ordem de 109 milhões de euros caso venda aos 1,329 euros por ação oferecidos pelo Caixabank.

Isabel dos Santos é a única angolana a constar no ranking da Forbes, ontem revelado pela revista. Encontra-se na 534ª posição com uma fortuna avaliada em 3,3 mil milhões de dólares americanos. Mas empresária deu um enorme tombo na lista, onde em 2014 ocupava o 408º posto: caiu 126 posições.