A arte urbana está de luto em Lima, no Peru. Primeiro foi um mural que retratava o indígena peruano (e revolucionário) Tupac Katari, depois um que mostrava um rapaz a empilhar tijolos: ambos os murais sofreram o mesmo destino e foram totalmente cobertos por tinta amarela. A comunidade artística de Lima, uma cidade com quase 500 anos fundada pelo conquistador espanhol Francisco Pizarro, está furiosa, diz a Reuters.
¡Alerta limeños! #Castaneda anuncia borrado de todos los murales de Centro de Lima a desde hoy http://t.co/7MteyLymJ3 pic.twitter.com/aHpVUQQzJ3
— La Mula (@lamula) March 13, 2015
What a shame, it's so beautiful… #Lima mayor removing #streetart. http://t.co/UXu61rJuFy #Peru #graffiti pic.twitter.com/Uh584KUpLr
— Erin Gallagher (@3r1nG) March 13, 2015
Mais do que zangada, está também desconfiada, não fosse o amarelo a cor do mais recente partido político do atual presidente da Câmara, Luis Castañeda. Na passada quinta-feira, escreve o El País, Castañeda quebrou o silêncio e anunciou que vai cobrir cerca de 60 murais, realizados por peruanos e estrangeiros, por considerar que não se adequam com o centro histórico de Lima.
O ato está a ser encarado como uma forma de encobrir — literalmente — os esforços da antiga presidente da Câmara, Susana Villaran, que recebeu as pinturas com agrado. Os murais condenados a desaparecer foram pintados num bairro violento da cidade entre 2011 e 2014, anos correspondentes ao período em que Villaran esteve no poder — ela que é considerada a arqui-inimiga de Castañeda.
Mayor in #Peru's capital Lima will remove murals. Will cutting public art change the city? http://t.co/qwNb6VAFFa pic.twitter.com/f0VPeLdjsK
— teleSUR English (@telesurenglish) March 13, 2015
https://twitter.com/rjones745/status/573951357973061633
A medida faz parte de um plano maior do governo para renovar o centro histórico e está a causar polémica entre a comunidade artística emergente na cidade. Segundo um designer de 36 anos citado pela Reuters, Elliot Urcuhuaranga, a estratégia pode funcionar ao contrário, no sentido em que “convida” artistas urbanos a cobrir o centro de Lima com novas pinturas. O espanhol El País cita o mesmo artista que, em declarações televisivas, pôs o dedo na ferida: “Isto deve-se a uma rivalidade política”.
O certo é que o debate já chegou à Internet, onde se encontram reações que contrariam a decisão do governo. Assiste-se, inclusive, à proliferação de memes relacionados com o assunto.