A Grécia enfrenta um problema de tesouraria “pequeno” e “pouco significativo”, afirmou Yanis Varoufakis em entrevista a uma televisão alemã no domingo, véspera de o Estado grego fazer mais um reembolso de dívida ao Fundo Monetário Internacional (FMI), no valor de 388 milhões de euros. A entrevista surgiu um dia depois de uma sondagem mostrar que mais de metade dos alemães quer a Grécia fora da zona euro.

O ministro das Finanças da Grécia garantiu no domingo que a “intenção” do governo é “fazer tudo o que for necessário para pagar toda a dívida, até ao último centavo”, mas acrescentou que uma reestruturação da dívida seria “a melhor forma de ajudar a Grécia a fazê-lo”. Em entrevista à televisão alemã ARD, citada pela Reuters, Yanis Varoufakis voltou a pedir uma indexação dos pagamentos de dívida às taxas de crescimento, um dos mecanismos que o próprio já reconheceu serem “eufemismos” para um alívio do peso da dívida pública grega sem um corte direto no valor nominal da dívida.

Enquanto o seu governo continua a pressionar os parceiros europeus para uma solução deste género, a Grécia tem um problema de curto prazo no que diz respeito à tesouraria pública, numa altura em que os bancos gregos já não podem absorver mais emissões de dívida pública e que o Estado já está a recorrer aos fundos de pensões públicos e às reservas de tesouraria de outras entidades públicas para obter o financiamento necessário para as próximas semanas. Ainda assim, Varoufakis diz que se vive na Grécia um problema de tesouraria “pequeno” e “pouco significativo”.

A Grécia deposita esta segunda-feira 388 milhões de euros na conta do FMI, garantiu no domingo fonte do Ministério das Finanças da Grécia. O governo tem um plano para “melhorar a posição de liquidez”, acrescentou a mesma fonte, sem especificar o que se trata. As reservas de tesouraria devem terminar no final do mês de março, estima-se. Na sexta-feira, a Grécia paga mais 353 milhões de euros ao FMI e tem de refinanciar 1,6 mil milhões de euros em dívida de curto prazo. Há um leilão de dívida de curto prazo na quarta-feira, dia 18, que será muito importante para assegurar estes pagamentos.

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Mais de metade dos alemães quer Grécia fora da zona euro

Yanis Varoufakis falou, também, da exigência grega de que a Alemanha restitua as reparações de guerra que o partido Syriza, que lidera o governo, pede desde a campanha eleitoral. O ministro das Finanças garante que “não é uma questão de dinheiro, é uma questão moral”.

A entrevista de Varoufakis surgiu numa altura em que as relações entre Berlim e Atenas se deterioraram, com o governo grego a entregar junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros um protesto formal dizendo que Wolfgang Schäuble, o ministro alemão, terá insultado Varoufakis. A presença do grego na televisão alemã surge, também, no fim de semana em que uma sondagem para o canal ZDF revelou que 52% dos alemães não querem que a Grécia permaneça na zona euro. Há um mês, essa proporção era de 41%.

Há mais alemães a quererem a Grécia fora da zona euro. E porquê? “Porque o governo grego não se está a comportar com seriedade na relação com os seus parceiros europeus”. Esta foi a resposta mais frequente no inquérito que resultou na sondagem para a ZDF. Ainda assim, Varoufakis asseverou, na entrevista à ARD, que quer “uma Europa bem sucedida, uma união monetária de sucesso”.