O dirigente grego do Syriza Costas Zachariadis acusou este sábado o primeiro-ministro português de ser “um aliado do Governo alemão”, num discurso em que advertiu que o fim da austeridade na Grécia “é definitivo e irreversível”.

Este membro da direção do partido da esquerda radical grego Syriza, que governa a Grécia em coligação com o partido da direita nacionalista, discursava num comício organizado pelo Bloco de Esquerda (BE) contra a austeridade, no Fórum Lisboa, junto à Avenida de Roma.

Zachariadis afirmou que a Grécia “permanece numa situação desesperante” e que enfrentar problemas na economia, de precariedade e pobreza é “uma tarefa longe de ser fácil”, apontando como prioridade uma reestruturação da dívida e a aplicação de reformas “que acabem com as injustiças” e “respondam à crise humanitária”.

“Temos de substituir o círculo vicioso da dívida e a miopia política pela ousadia, precisamos de ter manobra orçamental para organizar a economia”, alegou.

O dirigente político grego alertou que “mesmo eliminando a totalidade da dívida”, esta “voltaria a crescer” se não foram eliminadas “as suas origens” e defendeu ser preciso “um contrato para a recuperação e o crescimento”que assegure “um modelo sustentável do ponto de vista económico”.

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Costas Zachairidis referiu ainda que “a reforma do setor público” grego “é muito difícil” e que o desafio passa por alcançar “uma administração local e regional mais eficiente”, com maior eficácia energética e ambiental, acusando depois Pedro Passos Coelho e o líder do executivo espanhol, Mariano Rajoy, de serem “aliados do governo alemão”numa “ofensiva para evitar estas exigências” da Grécia.

“Têm pesadelos em acabar como o seu fantoche preferido, [ex-primeiro-ministro grego] Samaras, porque compreendem a importância das eleições em Espanha em novembro e do Sinn Féin [Irlanda]”, continuou.

Antes, o dirigente espanhol do Podemos Rafael Mayoral apelou à mobilização contra os que procuram na Europa “acabar com a moral de vitória” do seus partido e do Syriza e impor aos países “o reino da tristeza”, que se “aceite a pobreza e que não se diga, nem se faça nada”.

“Este é o momento dos povos do sul e de uma vez por todas conquistarmos a alegria e o futuro”, afirmou.

Em termos políticos, Mayoral afirmou que o Podemos não está à esquerda nem à direita, os “lugares onde querem colocar sempre governos coloniais ao serviço de Merkel”, mas é “uma força política dos debaixo, da gente trabalhadora”.

“Nós queremos ser os carteiros do povo, dar uma resposta à desigualdade, queremos soberania e governos que se ponham de pé, que defendam o seu povo, é isso que queremos no governo”, acrescentou.

“Este é o momento de dar a volta, dos povos do sul da Europa se porem de pé para que a Declaração Universal dos Direitos Humanos seja uma realidade e um programa político”, concluiu o espanhol.