Hamadi Ben Abdessalam. É este o nome que 30 italianos provavelmente não vão esquecer. Hamadi, guia do Museu do Bardo, em Tunes, na Tunísia, conduziu-os para fora daquele espaço em segurança, enquanto decorria o tiroteio que vitimou vinte turistas estrangeiros, dois homens tunisinos e ainda dois dos atiradores, na passada quarta-feira.

Guia turístico do museu desde 1970, Hamadi contou a experiência que viveu na quarta-feira à AFP, que o descreve como um homem modesto, que humildemente explica que, no momento em que o tiroteio começou, se encontrava no segundo piso do museu com um grupo de 47 turistas italianos. “A minha primeira impressão foi de que não se tratava de um atentado, disse aos meus clientes que tinha caído qualquer coisa ao chão, mas foram os italianos a dizer-me que aquilo era um ataque terrorista”.

Aí, começou o pânico. Alguns turistas atiraram-se ao chão e mostraram medo, mas Hamadi decidiu sair imediatamente do local. “Virei à direita e 30 pessoas seguiram-me (…) e como eu sou daqui e conheço bem as saídas de segurança, dirigi-me logo a uma”. Só mais tarde, quando já tudo acalmara, é que Hamadi viu pela primeira vez os buracos das balas e conseguiu acreditar finalmente no que sucedera.

Antes disso, no entanto, Hamadi conduziu os italianos ao porto de Tunes onde o navio de cruzeiro em que os turistas viajavam estava ancorado. A receção foi inesperada:

“Chegados ao porto, tivemos uma coisa extraordinária. Fomos aplaudidos pelos passageiros do navio, as pessoas abraçavam-nos, todo o mundo chorava: os guias, a polícia… Foi verdadeiramente fantástico e libertou-nos do pânico”, conta agora um emocionado Hamadi.

O atentado ao Museu do Bardo vitimou sobretudo turistas provenientes de navios de cruzeiro que fazem escala na capital tunisina frequentemente. A MSC Cruzeiros, que perdeu doze passageiros no ataque, suspendeu todas as passagens por Tunes, bem como a Costa Croisières.

O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico na quinta-feira. Dois dos atiradores foram abatidos pela polícia poucas horas depois de iniciado o cerco ao museu, mas já foram feitas vinte detenções no âmbito das investigações a este caso.

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