Um novo tipo de exame ao sangue pode determinar se uma infeção é causada por vírus ou bactéria em apenas duas horas, avança a BBC. O teste pode ajudar a identificar mais rapidamente a causa microbiológica de uma doença e tratá-la de maneira mais adequada, através de antibióticos ou antivirais. O estudo foi realizado por uma equipa de cientistas de diversos institutos e centros médicos em Israel e publicado na revista PLUS One.

Para desenvolver o novo teste, os investigadores reuniram amostras de sangue de 30 pessoas e contaram o número de proteínas que são produzidas pelo sistema imunitário numa resposta a infeções agudas. No total, foram identificadas três proteínas solúveis que são ativadas exclusivamente por bactérias ou por vírus. De seguida, testaram a precisão deste rastreio em 1002 crianças e adultos que deram entrada em dois hospitais com sinais de febre superior a 37.5ºC por mais de 12 dias. Um painel formado por três médicos analisou individualmente os testes e depois comparou as respetivas avaliações para determinar um padrão.

O resultado foi que o novo teste de sangue funcionou corretamente para diferenciar as pessoas com doenças infecciosas ou não e também para determinar se as infeções eram de origem bacteriana ou viral. Segundo a pesquisa, apenas em 98 casos os resultados não foram claramente identificados.

Apesar de a resposta ter sido bem-sucedida, os investigadores admitem que a eficácia da análise tem de ser certificada por um estudo clínico alargado. “O teste não é perfeito e não substitui o julgamento de um médico, mas é melhor do que muitos dos testes de rotina utilizados atualmente na medicina”, afirma Eran Eden, médico da empresa Memed responsável pelo estudo, em entrevista à BBC.

Diferenciar se uma infeção é causada por vírus ou bactérias é um dos desafios que os médicos enfrentam nos processos de diagnóstico e tratamento. De acordo com a patologia, os testes de rotina podem demorar dias para oferecer resultados conclusivos, enquanto os testes de partículas no sangue podem oferecer respostas ambíguas para alguns organismos. Outra dificuldade é o momento de iniciar a posologia (tratamento), uma vez que alguns pacientes não tomam o remédio certo suficientemente cedo.

Para Jonathan Ball, especialista em virulogia na Universidade de Nottingham no Reino Unido, o estudo aborda uma questão importante.”[O novo teste] vai permitir a intervenção clínica informada e minimizar a necessidade de uso inadequado de antibióticos, por exemplo, com alguém infetado por um vírus. Vai ser importante ver como ele se comporta no longo prazo”, explica à BBC.

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