O Landau do Regicídio, o coche onde foram mortos o Rei D. Carlos e o Príncipe herdeiro Luís Filipe, em 1908, foi a primeira peça a ser transferida do atual Museu Nacional dos Coches para a sua nova morada — do outro lado da rua. Foi o último coche a entrar no museu e, esta segunda-feira, foi o primeiro a sair.

A viagem do Landau para as novas instalações esteve longe de ser gloriosa. Depois de ter sido enrolado em celofane e fita-cola, o coche foi arrastado até à porta do museu onde, por breve instantes, viu a luz do sol. E foi aí que, ao som das buzinadelas dos carros, foi levado para o interior de uma carrinha, que o transportou para o novo Museu dos Coches.

Esta transferência marcou o início do processo de mudança das 70 carruagens expostas em Belém e no Paço Ducal de Vila Viçosa, onde se encontra uma parte importante da coleção. O processo, que se irá desenrolar em várias fases, ficará terminado no início de maio.

Todos os coches deverão ser acomodados nas novas instalações até à data da inauguração, a 23 de maio, dia em que o museu comemora 110 anos. No novo espaço, “totalmente diferente”, os coches serão enquadrados “num ambiente algo diferente”, disse aos jornalistas o Diretor Geral do Património Cultural, Nuno Vassalo e Silva.

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Apesar da abertura do novo espaço, o antigo edifício irá continuar a funcionar. Nuno Vassalo explicou aos jornalistas que o espaço é uma “parte integrante do Museu Nacional dos Coches” e que continuará a albergar “alguns coches de aparato do século XVIII, o núcleo dedicado à Rainha D. Amélia”, fundadora do museu, e “todo o conjunto da galeria dos reis de Portugal”, funcionando em paralelo com o novo museu.

Da autoria do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, o novo Museu dos Coches está concluído há vários anos, mas a sua inauguração tem vindo a ser adiada. Por realizar estão ainda algumas obras, nomeadamente a construção de um passadiço que liga o museu à beira Tejo. Apesar disso, o secretário de Estado e da Cultura, Jorge Barreto Xavier, decidiu que o museu vai mesmo abrir portas.

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O novo Museu dos Coches é um projeto da autoria do arquiteto Paulo Mendes da Rocha – Hugo Amaral/Observador

 

Para Nuno Vassalo, estão reunidas todas as condições para que o museu possa funcionar. O Diretor Geral do Património disse ainda aos jornalistas que as obras só deverão ser terminadas “muito mais tarde”, em março de 2016.

O atual Museu dos Coches, instalado no antigo Picadeiro Real do Palácio de Belém, foi criado por iniciativa da rainha D. Amélia, mulher do rei D. Carlos I, em 1905. O museu reúne uma coleção única de viaturas de gala e de passeio dos séculos XVII a XIX, provenientes dos bens da coroa ou da coleção particular da Casa Real portuguesa.