Os testes psicotécnicos, realizados antes de os pilotos serem admitidos numa companhia aérea, são a única avaliação psicológica a que estes são sujeitos. Os exames regulares de saúde, feitos anualmente, não incluem nenhuma componente psicológica, disse ao Observador o comandante António Reis, da Associação de Pilotos Portugueses da Linha Aérea (APPLA).

Todos os anos, os tripulantes de cabine são sujeitos a uma extensa avaliação médica, que inclui a realização de eletrocardiograma e de exames de oftalmologia. Para além disso, é feita uma avaliação das capacidades e conhecimentos técnicos dos pilotos. Contudo, nenhum destes procedimentos inclui a realização de uma análise psicológica.

António Reis garantiu que, apesar de não existir uma avaliação psicológica regular, os tripulantes são “avaliados” todos os dias. “Se se notar que existe alguma coisa errada, a pessoa é reportada”, acrescentou.

Álvaro Correia Neves, diretor do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA), admitiu que é difícil apurar a saúde mental dos pilotos. “Não é fácil encontrar uma estratégia no sentido de apurar a saúde psicológica do tripulante”, disse ao Observador. “O fator humano começa a ser crítico aqui”, referiu o diretor, admitindo que, no âmbito técnico, é sempre possível apurar se o avião está em condições de voar. “No âmbito mental, é mais difícil”, fez notar.

“Quando se trata de seres humanos, hoje podemos estar bem, mas amanhã podemos estar mal. Não existe nada que possa afirmar que o piloto está capaz ou não”, acrescentou o diretor do GPIAA.

Para Álvaro Neves, que classificou a queda do voo da Germanwings como “um suicídio e um assassínio coletivo”, poderá prever um “futuro muito crítico”. “Espero que não haja desconfiança, porque é muito mau para aviação civil”, disse.

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