Os próximos nove meses de negociações climáticas para alcançar um acordo global de luta contra o aquecimento global na Cimeira do Clima, prevista para Paris, em dezembro, “vão ser mais importantes que os 10 anos seguintes”. Esta foi a opinião expressa por dois peritos, que depuseram hoje na comissão do Congresso dos Deputados para o Estudo das Alterações Climáticas, respetivamente Kepa Solaun, diretor-geral de Fator CO2, uma organização não-governamental que apresenta ideias e serviços para responder ao aquecimento global, e Pere Fullana i Palmer, catedrático de Gestão Ambiental na Escola de Negócios ESCI.

Solaun falou da dificuldade que o acordo que resulte de Paris vai ter para conseguir o objetivo da Cimeira, a saber, manter a subida média da temperatura do planeta abaixo dos dois graus centígrados, que é o limite fixado pelos cientistas para que as consequências do aquecimento não sejam devastadoras. Este perito recomendou aos deputados que convertam a política de resposta às alterações climáticas em política transversal a todos os departamentos do Estado e a todos os níveis da administração, do nacional ao local. “Reduzir emissões não é algo que se possa desenvolver exclusivamente a partir de políticas ambientais puras, as medidas têm de estar interiorizadas nas atuações em matéria de transporte ou gestão ambiental”, apontou.

Solaun insistiu na necessidade de os objetivos de redução de emissões poluentes serem “desagregados pelas diferentes administrações” e que se “integrem nos diferentes setores de atividade, em particular no setor privado”. Assinalou ainda que a plano de Espanha para reduzir as emissões em setores como transportes, construção ou agricultura, em 2020, evidencia “que o país tem muitas possibilidades de reduzir emissões” e que ainda há muita margem de manobra para desenvolver “medida de poupança e eficiência energética”.

Por seu lado, Fullana i Palmer destacou que conter a subida da temperatura média do planeta abaixo dos dois graus “requer uma revolução da produção e do consumo”. Os dois peritos solicitaram aos deputados para que não se esqueçam dos impactos das alterações climáticas, que em Espanha vão afetar de forma significativa a disponibilidade de recursos hídricos e as zonas costeiras”.

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