“Se a Grécia vier a sair da zona euro, isso poderá não ser uma coisa má para a moeda única”, defende Warren Buffett, famoso investidor e terceiro homem mais rico do mundo. O norte-americano acredita que “se toda a gente aprender que as regras significam alguma coisa e se isso resultar num acordo geral entre os membros [na zona euro] sobre as regras orçamentais, isso poderá ser uma coisa boa”.

Em entrevista à televisão norte-americana CNBC, Warren Buffett admite que uma saída da Grécia da zona euro poderia reforçar a ideia de que o projeto da união monetária é para levar a sério e que os seus líderes “não estão a brincar“. Sobretudo se contribuísse para resolver os “problemas estruturais que sempre achei, desde o início, que a zona euro tinha”.

Problemas, porém, que “não significam, necessariamente, que a união monetária irá fracassar”. “Alguns países não irão adaptar-se e deixarão de fazer parte, não é uma decisão divina que a zona euro tenha de ter sempre os mesmos membros que tem hoje”, atira Warren Buffett.

A Grécia e os representantes dos credores interromperam terça-feira as negociações técnicas em Bruxelas, prevendo-se uma teleconferência para esta quarta-feira. Não se espera, contudo, qualquer progresso formal neste impasse antes da Páscoa.

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Cresce o número de vozes impacientes

Olhando para esta crise a partir do outro lado do Atlântico, Warren Buffett já aconselhado os líderes da zona euro a não recompensarem os “maus comportamentos” que estão a tentar erradicar, numa alusão ao endividamento público excessivo. Uma opinião semelhante foi, também, já transmitida por Alan Greenspan, antigo presidente da Reserva Federal que considera que a saída da Grécia da zona euro “é uma questão de tempo“.

Do Reino Unido, onde o governo tem defendido que a Europa deve resolver esta questão o mais rapidamente possível, surgiu, também, um alerta no mesmo sentido por parte de um antigo membro do banco central britânico. Em artigo de opinião no Financial Times, DeAnne Julius defendeu que para se salvar a zona euro deve-se deixar a Grécia sair. “Esta tragédia grega não irá acabar bem para qualquer dos protagonistas”, escreveu, antecipando que “a experiência passada leva-nos a crer que as negociações vão arrastar-se até ao último minuto” mas que “as cedências gregas podem permitir aos líderes europeus adiar o problema e continuar a fingir”.

“Mas esse não será o ato final”, avisou DeAnne Julius. “O dramatismo que se tem desenrolado colocou em evidência o fracasso fundamental que implica impor uma moeda comum em sociedades tão diferentes sem que existem mecanismos centrais para obrigar ao cumprimento das regras”, lamenta a economista.