O Tesouro espanhol financiou-se a taxas negativas pela primeira vez na sua História, numa emissão de dívida a seis meses em que os títulos foram, esta terça-feira, vendidos a um preço que pressupõe uma rendibilidade de -0,002% no vencimento. A compressão das taxas de juro da dívida pública provocada pelos estímulos do BCE continua a contribuir para que cada vez mais Estados se financiem a taxas negativas em prazos cada vez mais longos.

Foram emitidos 725 milhões de euros em títulos de dívida a seis meses com uma rendibilidade negativa, o que não impediu que a procura tenha sido de quase cinco vezes esse montante. O Tesouro emitiu, também, cerca de 3,9 mil milhões em títulos a 12 meses, numa operação paralela em que o preço a que as letras foram emitidas dará aos investidores uma rendibilidade de 0,006%.

Este é um reflexo, sobretudo, da política do Banco Central Europeu (BCE), onde depositar liquidez acarreta uma taxa negativa desde meados do ano passado, ou seja, os bancos pagam uma taxa para “estacionar” liquidez. A chamada taxa de depósitos do BCE está num valor negativo, em -0,2%. Ao mesmo tempo, o BCE tem, também, em curso um programa de compra de dívida pública e privada que está a dinamizar a procura por ativos com rendibilidades superiores aos juros das plataformas do BCE ou da dívida sem risco, como a dívida alemã. A Alemanha goza de taxas negativas em prazos até sete anos.

Portugal também está a beneficiar deste efeito, com taxas de 0,016% em bilhetes do Tesouro que circulam no mercado e que serão reembolsados em novembro de 2015, segundo os preços da Bloomberg.

EK605921 Corp (PORTB 0 11_20_15) 2015-04-07 10-43-57

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