Em 1782 Lewis Theobald, um famoso dramaturgo inglês do século XVIII, publicou a peça Double Falsehood. Na altura, Theobald admitiu que a obra tinha sido baseada em três manuscritos que tinha descoberto e que haviam sido escritos por nada mais nada menos do que William Shakespeare.

Os manuscritos tratar-se-iam de uma peça perdida de Shakespeare, conhecida por The History of Cardenio. Esta seria baseada na obra Dom Quixote de La Mancha, escrita no século XVII pelo espanhol Miguel de Cervantes. Apesar disso, ao longo dos séculos, foram vários os autores que recusaram a existência da peça. Mas um novo estudo publicado na revista Psychological Science, parece provar exatamente o contrário.

Uma investigação levada a cabo por dois investigadores da Universidade do Texas em Austin refere que Double Falsehod é, de facto, a peça perdida de Shakespeare. Para chegarem a essa conclusão, os dois autores analisaram 33 peças de Shakespeare, nove de Fletcher e 12 de Theobald, de modo a criar uma “assinatura psicológica” para cada autor.

Esta assinatura — baseada na escolha das palavras, no padrão das frases e noutros fatores — foi depois comparada com a linguagem usada em Doube Falsehood. “A correspondência entre a peça Doube Falsehood e Shakespeare foi enorme. Foi chocantemente clara”, disse Ryan L. Boyd, co-autor do estudo à CNN. “Há pouca margem para interpretar os números de outra forma”.

A comparação permitiu ainda determinar que a primeira metade da peça tinha sido escrita por Shakespeare, enquanto a segunda parece ter sido criada em conjunto com Fletcher. No que diz respeito a Theobald, foram apenas encontrados alguns traços da sua “assinatura”. “Não estamos a sugerir que Theobald não a editou”, acrescentou Boyd. “Mas certamente não a escreveu”.

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