São desenhos que funcionam como terapia. As crianças nigerianas desenharam aquilo que se lembram dos ataques a que foram sujeitas. Ataques que as obrigaram a refugiarem-se em programas promovidos pela Unicef. Longe de casa.

Nos desenhos, relembraram a família que perderam, a escola que frequentavam, o acesso ao hospital, a forma como o grupo terrorista Boko Haram invadiu as suas casas ou lhe levou alguns dos objetos pessoais mais preciosos, como as bicicletas.

As crianças têm sido um dos alvos principais do Boko Haram, muitas vezes utilizadas como arma de combate e sujeitas a atos de violência extrema – abuso sexual, casamentos forçados, sequestros e assassinatos aterrorizadores são alguns dos exemplos. O número de crianças que se viu obrigada a fugir de sua casa mais do que duplicou num ano, na Nigéria. Serão agora 800 mil as crianças deslocadas, segundo um relatório divulgado na segunda-feira pela Unicef.

Mas a Amnistia Internacional avançou com outros números, também na segunda-feira: desde o início do ano, o Boko Haram raptou pelo menos duas mil mulheres e raparigas na Nigéria.

Em abril de 2014 aconteceu talvez o caso mais mediático. 276 raparigas foram raptadas do liceu de Chibok, um ato que levou o mundo a gritar Bring Back Our Girls (Tragam de volta as nossas meninas). Um ano depois, ainda permanecem em cativeiro.

Voltando ao relatório da Unicef, num ano, mais de 1,5 milhões de pessoas terão fugido de suas casas na Nigéria, por causa dos atos violentos do grupo. Destas, 1,2 milhões procuraram refúgio dentro do país e cerca de 200 mil fizeram-no no país vizinho, os Camarões. Desde 2009, já morreram cerca de 15 mil pessoas. Só em 2014, foram assassinadas 7.300.

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