Fernando Pinto acusou o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil de não estar a medir o risco relativamente à greve de dez dias, marcada de 1 a 10 de maio. Numa entrevista à TVI, transmitida esta quinta-feira em horário nobre, afirmou que as exigências dos pilotos não têm base jurídica e que podem comprometer o futuro da transportadora aérea nacional.

“Sem dúvida, o Sindicato dos Pilotos está a usar este momento para conseguir tirar o máximo da empresa. Pode ser que tire o máximo e, de repente, não há mais empresa. Acho que o risco não está a ser medido. Esse é o grande problema”, comentou o gestor brasileiro, ao comando da TAP desde outubro de 2000.

Em causa, estão as pretensões dos pilotos sobre as diuturnidades (subsídio de antiguidade) e sobre a obtenção de 10 a 20% do capital da companhia aérea, aquando da sua privatização, que deverá estar concluída até ao final desta legislatura. Para o presidente da TAP, a situação remete para uma clara “demonstração de força”.

“Não fazia sentido, de uma hora para a outra, aparecerem dois itens novos [nas negociações]”, contestou. “Se eles [os pilotos] há 16 anos esperam por uma coisa deste tipo, como dos 10 a 20%, deveriam ir à justiça e tentar provar que têm razão”, disse, fazendo uma referência ao acordo assinado em 1999 e que dá aos pilotos a respetiva percentagem em caso de privatização.

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22 dias de greve em 2014

Total dos prejuízos: 55 milhões de euros
Fretamento de aviões: 16 milhões de euros
Indemnizações de clientes: 12 milhões de euros
Transferência de tarifas de passageiros: 27 milhões de euros

Dados do relatório de contas da TAP, revelados durante a entrevista da TVI

Relativamente às diuturnidades, o engenheiro acrescentou que “ao longo dos últimos cinco anos nenhuma empresa do setor empresarial do estado teve autorização para aumentos anuais” e que “no momento em que ela é privatizada, podemos voltar a ter aumentos anuais, mas não retroativos”.

Fernando Pinto referiu ainda que, na sequência das exigências, os pilotos estão a pôr em causa o acordo que a TAP assinou em dezembro com o Governo: “Essas garantias que o Governo deu, nesse acordo de dezembro, isso acaba. Todas as concessões que demos nas negociações de agora, não serão concedidas. [Os pilotos] Têm duas perdas muito fortes, reais e imediatas. Falta uma melhor informação dos pilotos e isso é uma falha nossa.”

A TAP e o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) estavam em negociações desde janeiro e até há duas semanas. A greve de 10 dias tem um prejuízo estimado em 70 milhões de euros.