O presidente da Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto, afirmou na segunda-feira não ter “nenhuma objeção” ao investimento chinês em Portugal e classificou a China como “uma potência tranquila”.

“Não vejo nenhuma razão para Portugal se opor à presença chinesa, ou à presença angolana ou de qualquer outro país com os quais tem uma relação histórica antiga”, disse Sousa Pinto à agência Lusa em Pequim.

“Não tenho nenhuma objeção ao investimento chinês em Portugal ou ao investimento português na China. A questão é saber se certas empresas estratégicas portuguesas podem ser alienadas para chineses, russos, alemães ou congoleses. Não interessa a nacionalidade”, acrescentou.

Sousa Pinto viajou no sábado para Pequim, acompanhado pelos deputados Ricardo Baptista Leite (PSD), Carla Cruz (PCP) e Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP). Trata-se da primeira visita à China de uma delegação da Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e incluiu contactos com responsáveis da Assembleia Nacional Popular, Ministério dos Negócios Estrangeiros e Departamento Internacional do Partido Comunista Chinês. A delegação regressou esta quinta-feira a Lisboa.

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O objetivo é “favorecer a aproximação” entre políticos dos dois países, “numa altura em que as relações Portugal-China tendem a intensificar-se no plano económico”, indicou Sousa Pinto. “A China tem que ser um fenómeno menos desconhecido por Portugal” e, neste aspeto, “a diplomacia parlamentar é muito importante”, defendeu o deputado socialista. Segundo referiu, os interlocutores da delegação portuguesa estavam “muito bem informados acerca de Portugal”.

“A China vê Portugal como um parceiro e um país amigo e acha que as relações com Portugal têm um potencial de desenvolvimento muito grande”, afirmou.

O líder do PS, António Costa, que em fevereiro declarou que o investimento chinês era bem-vindo na comemoração do Ano Novo chinês, em Portugal, foi convidado a visitar aquele país em breve, mas recusou a viagem, fazendo-se representar por Carlos César, presidente do PS.

O êxito da China

Na deslocação, o deputado socialista português Sérgio Sousa Pinto manifestou “enorme entusiasmo” pela ascensão internacional da China e descreveu aquele país como “uma admirável realização histórica”. “Todos gostaríamos que, no plano politico, a China fosse mais parecida com a Suécia, mas a China é a China e ao Ocidente falta, muitas vezes, humildade para perceber que a China não precisa de estar permanentemente a receber lições”, disse Sousa Pinto à agência Lusa em Pequim.

Para Sousa Pinto, a China é “um imenso bloco humano” que, “independentemente dos regimes”, conseguiu “preservar a sua capacidade enquanto ator politico e progredir no sentido do desenvolvimento humano”.

“Não interessa saber se este regime é comunista ou é um neo-mandarinato burocrático. O que interessa é que esta enorme massa humana se libertou das experiências imperialistas europeias do século XIX, que foram um dos episódios mais lastimosos do Ocidente”, afirmou.

A trajetória da China constitui “um êxito histórico” que “o mundo deve olhar com admiração”, acrescentou. Sobre a ascensão internacional da China, Sousa Pinto respondeu: “Vejo isso com enorme entusiasmo porque a China é uma potência tranquila, que procura desenvolver relações amistosas com o resto do mundo e favorecer uma prosperidade comum”.

Nos últimos quatro anos, a China foi dos países que mais investiu em Portugal, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, e tornou-se também um mercado de crescente importância para as exportações portuguesas.

Pelas contas da Administração-Geral das Alfândegas Chinesas, em 2014 as exportações portuguesas para a China cresceram cerca de 19%, atingindo a soma recorde de 1.665 milhões de dólares.