Apenas dois dias após o anúncio do fim da ofensiva, a coligação internacional liderada pela Arábia Saudita lançou esta madrugada novos raides aéreos contra posições rebeldes no Iémen, relataram moradores. Os ataques atingiram posições rebeldes perto da capital Sanaa, norte da cidade de Taëz (sudoeste) e a cidade de Yarim, no centro, segundo contam testemunhos de acordo com a agência Lusa.

A Arábia Saudita declarou esta terça-feira que iria fechar o capítulo de bombardeamentos aéreos no Iémen e procurar uma solução política para trazer paz ao país. O maior exportador de petróleo do mundo afirmou também que já tinha atingido os objetivos delineados para a campanha, mas que não excluía a possibilidade de mais intervenção militar ainda que ligeira, informa a agência Bloomberg.

Contudo, apenas algumas horas após ter sido anunciado o cessar-fogo, os rebeldes xiitas “huthis” tomaram o campo de uma brigada fiel ao presidente Abd Rabbo Mansur Hadi perto de Taez, no sudoeste do Iémen, informou um oficial iemenita à agência francesa AFP.

O campo da brigada 35 blindada, situada à entrada norte da cidade, foi tomado após violentos combates, que fizeram “dezenas de mortos e feridos” dos dois lados. Terão sido usados nos combates armamento pesado e “rockets”. Um representante do Crescente Vermelho iemenita indicou que a organização não tinha conseguido enviar equipas de socorro para o campo “devido à intensidade dos combates”.

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O embaixador saudita nos Estados Unidos, Adel Al-Jubeir, declarou esta terça-feira em Washington, nos Estados Unidos, que a Arábia Saudita responderá em caso de “ação agressiva” dos rebeldes xiitas “huthis”.

“Se os “huthis” fizerem um gesto agressivo, haverá uma resposta”, disse o diplomata em conferência de imprensa na capital federal norte-americana.

Ahmed Asseri, porta-voz da aliança liderada pela Arábia Saudita responsável pelos bombardeamentos aéreos, já tinha declarado esta terça-feira que o cessar da campanha de ataques não excluiria o uso de forca no futuro, ainda que numa escala menor, informou a agência Bloomberg.

O Iémen vive uma crise política desde 22 de janeiro na sequência da renúncia do Presidente Abd Rabbo Mansur Hadi e do seu Governo, dois dias depois da milícia xiita assumir o controlo do palácio presidencial. Os “huthis” controlam sete províncias do país apesar de a ONU considerar o antigo Presidente como “legítimo”. Há algumas semanas, o Presidente do Iémen refugiou-se na Arábia Saudita, que tem vindo a tentar reconquistar o território tomado pelos rebeldes xiitas, com intervenções que contribuíram para aumentar a violência do conflito.

Os bombardeamentos fizeram parte da campanha saudita de quatro semanas “Operation Decisive Storm” dirigida aos rebeldes xiitas “huthis”. A campanha conseguiu conter o sucesso dos potenciais inimigos da Arábia Saudita e seus aliados, bem como destruir a artilharia pesada e mísseis balísticos que estavam na posse da organização rebelde.

Adel Al-Jubeir sublinhou que a Arábia Saudita vai agora avançar para uma segunda fase da campanha, batizada como “Restaurar a Esperança”, na qual se espera que um diálogo político entre todas as partes iemenitas conduza a eleições e à elaboração de uma nova Constituição.