A confiança do governo grego num acordo verbal, que lhe asseguraria financiamento, durante a reunião do Eurogrupo realizada a 20 de fevereiro de 2015 foi um “erro”, mas as responsabilidades pelo equívoco têm de ser partilhadas por todos os negociadores e não exclusivamente pelo ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis. A opinião é de Euclid Tsakalotos, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do executivo liderado por Alexis Tsipras e foi revelada numa entrevista publicada neste sábado pelo jornal grego especializado em economia Ependyssi.

Tsakalotos, que assumiu um papel central nas negociações que estão a decorrer entre representantes da Grécia e dos credores internacionais, grupo que inclui o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia, disse que Varoufakis permanece como principal responsável pelo processo. O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros referiu que as teses de que o seu colega das Finanças teria sido afastado das discussões são provenientes de meios hostis ao governo do Siryza e tentam atingir todo o governo.

Euclid Tsakalotos reafirmou a posição de Atenas de que não serão assumidas “medidas adicionais recessivas que prologuem a austeridade”, como um aumento do imposto sobre o valor acrescentado (IVA) ou cortes nas pensões de reforma. Sobre as relações com a Rússia e a China e a procura de apoios financeiros juntos dos dois países, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros declarou: “Estamos na Europa e procuramos soluções dentro do quadro europeu”. O responsável acrescentou, também, não ver “razões” para quebrar esta “decisão estratégica” e que qualquer solução fora do círculo dos parceiros europeus seria “oportunística” e não uma “solução permanente”.

As negociações entre as equipas técnicas da Grécia e dos credores internacionais estão a decorrer durante este fim de semana em Bruxelas e deverão terminar no domingo, 3 de maio. Em causa está a busca de um compromisso que permita o desbloqueio de apoio financeiro a Atenas, cujas finanças públicas estão numa situação desesperada, enquanto os bancos do país enfrentam uma fuga de depósitos que tem sido compensada através da concessão de liquidez de emergência pelo BCE. Fontes diplomáticas citadas pela Bloomberg revelaram que, na sexta-feira, as conversações se centraram nos temas da energia, tributação e metas orçamentais.

Além das responsabilidades com salários e pensões, o Estado grego tem de pagar 200 milhões de euros ao FMI a 6 de maio, a que se somam 750 milhões que vencem a 12 de maio. Os dois resgates à Grécia já totalizaram 240 mil milhões de euros.

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