A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE) acusou neste domingo o Governo de “irresponsabilidade” por estar “a tentar vender todo o país ao desbarato”, a poucos meses do fim do mandato, exigindo que pare já a privatização da TAP. “O Governo, se quiser ser consequente com o que diz sobre os perigos da greve [dos pilotos da TAP] só tem um caminho: parar a privatização. A irresponsabilidade é de um Governo, que a poucos meses [do fim] do mandato, está a tentar vender todo o país ao desbarato”, disse Catarina Martins.

O executivo PSD/CDS-PP “tem de parar já a privatização da TAP”, que “tem de ficar sobre controlo público”, exigiu Catarina Martins, que falava aos jornalistas durante uma visita à feira Ovibeja, em Beja, defendendo que “quem quiser ser consequente e se apresente às próximas eleições legislativas com uma proposta alternativa à deste Governo tem de ser capaz de dizer que a TAP vai ser pública”.

Segundo Catarina Martins, “a posição do Governo tem sido dizer que esta greve é muito prejudicial, porque prejudica a economia”, ou seja, “a TAP é de tal forma importante ao país que não pode de maneira nenhuma parar, não pode de maneira nenhuma ficar refém de uma lógica que não seja servir o país e a sua economia”.

Neste sentido, defendeu, “este é o Governo que deve fazer perceber que o processo de privatização tem de parar já, porque se é verdade que a TAP não pode ficar refém dos interesses de um grupo, mais verdade é ainda que não pode ficar refém de um qualquer investidor estrangeiro que a venha comprar”.

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“Ninguém compreende” que a TAP, “uma companhia de bandeira” e “a maior empresa exportadora do país”, possa “ficar refém de um interesse qualquer privado”, disse, alertando que com a privatização da TAP “fica posto em causa” o que “é essencial para a nossa economia, a maior empresa exportadora nacional, a que faz a nossa ligação ao mundo, às comunidades imigrantes”.

Catarina Martins disse que “não é novidade para ninguém que o BE, sendo um defensor do direito à greve de todos os trabalhadores, não concorda com esta greve, porque o que os pilotos querem é garantir que ficam com uma parte de uma empresa privatizada”.

Os pilotos da TAP iniciaram na sexta-feira uma greve, prevista durar até dia 10 deste mês, por considerarem que o Governo não está a cumprir o acordo assinado em dezembro de 2014, nem um outro, estabelecido em 1999, que lhes dava direito a uma participação no capital da empresa no âmbito da privatização.

Catarina Martins aproveitou a visita a uma feira agropecuária para dizer que, nos últimos anos, a agricultura portuguesa “ficou completamente estagnada”, ou seja, “não aumentou” o seu peso na riqueza nacional e hoje emprega “menos gente”.

No Alentejo, “ouvimos falar muito do Alqueva e do que foi conseguido para o regadio, mas o projeto, que “é um investimento importante”, “só chega a 8% dos terrenos” e “temos depois toda a agricultura de sequeiro a que dar resposta no Alentejo” e que “tem sido completamente esquecida”.

Por outro lado, no Alqueva “mais de metade” do investimento “é espanhol e, portanto, sai muito depressa do país”, disse, defendendo que é preciso “garantir” que os fundos comunitários para a agricultura em Portugal “chegam a todos os produtores”, porque têm “ficado só nos grandes produtores, os pequenos não vêm praticamente os fundos”.