Entre lojas de kebabs, restaurantes de dim sum, taquerias, temakerias e até quiosques especializados em produtos tão diferentes como salsichas alemãs ou espetadas asiáticas, não será difícil concluir que Lisboa já foi uma cidade bem mais parca em comida do mundo do que é hoje. Continua, no entanto, a ter espaço suficiente para irem, volta e meia, surgindo algumas novidades nessa matéria. A última abriu há coisa de duas semanas na Travessa dos Pescadores, em Santos, e dá pelo sugestivo nome de El Pibe. É a primeira casa da capital especializada no pastel favorito da maioria dos países sul-americanos, a empanada. Ou seja, já havia quem as servisse, mas não havia ainda uma empanaderia.

O responsáveis pela El Pibe são Tomás Fevereiro e Gonçalo Almeida, dois amigos que passaram algum tempo a viajar por países onde as a empanaderias são tão comuns como casas a vender pregos e bifanas em Lisboa. Tomás fez o chamado “mochilão” — três meses de mochila às costas pela América do Sul — e Gonçalo viveu um mês na Argentina. Escusado será dizer que durante esse período as empanadas fizeram parte da dieta de ambos. “O Gonçalo comia pelo menos uma todos os dias”, brinca Tomás. A especialidade não lhes ficou só no estômago: quando regressaram a Portugal trouxeram na bagagem a vontade de abrir um espaço do género. Cá está ele.

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A intenção inicial não envolvia quatro paredes, antes quatro rodas. “Queríamos ter este conceito numa rulote de street food mas há uma lista de espera de dois anos para as licenças”, explica Tomás. Em vez de adiarem o projeto, tornaram-no fixo, remodelando, para tal, uma antiga tasca nas imediações da Avenida Dom Carlos I, “uma zona de noite, que se adapta bem a este conceito”, como dizem e fazem questão de comprovar: à sexta e sábado servem até às duas da manhã.

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Tomás e Gonçalo quiseram tornar o espaço da El Pibe semelhante ao de uma qualquer empanaderia das que visitaram. Estão em Santos, em Lisboa, mas podiam estar no Barrio Norte, em Buenos Aires. Para tal, a madeira e as cores vivas ajudam a dar autenticidade à sala. Já as diversas celebridades do subcontinente espalhadas em quadros afixados nas paredes dão-lhe graça. Diego Armando Maradona, o El Pibe original, é, naturalmente, quem tem mais destaque. Mas não é o único: Carlos Valderrama, Hugo Chávez ou o Papa Francisco, entre outros, também saltam à vista de qualquer cliente. E não é só nas paredes, já que as próprias empanadas lhes pedem, nalguns casos, o nome emprestado. Assim, no menu é possível encontrar criações como a Pablo Escobar (chouriço e mozzarella), a Che Guevara (farinheira, alho francês e cogumelos), a Pinochet (caril de vitela e porco, cebola, malagueta e gengibre) ou até a Papa Francisco (tomate cherry, pesto e mozzarella). A par destas há ainda outras, mais clássicas, de cebola, espinafres ou carne. Todas têm, no entanto, a mesma massa, cuja receita veio da avó de uma amiga argentina.

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De referir ainda que apesar de a El Pibe ser uma empanaderia a ementa vai bem além das empanadas. O couvert por exemplo, compõe-se de dois produtos típicos do Equador, como os chifles (banana pão frita) ou o milho frito. Mas há mais — do ceviche de manga peruano (em breve surgirão outros de peixe) ao choripán, uma sanduíche que é comum encontrar na Colômbia, Chile ou Argentina, mas cujo recheio foi adaptado aos gostos e produtos portugueses. Leva chouriço de porco preto e pimentos assados no forno, com o molho chimichurri a dar o toque de classe tipicamente argentino. Como já fazia Maradona. Perdão, El Pibe.

Nome: El Pibe
Morada: Travessa dos Pescadores, 12 (Santos), Lisboa.
Telefone: 21 395 1207
Horário: De segunda a sábado, das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 23h00 (sextas e sábados fecham às 02h00)