Três académicos da área de Ciências Sociais e Humanas falaram com 200 mulheres que vendem o corpo em casas de alterne ou na berma das estradas do Norte do País e concluíram que as trabalhadoras do sexo também querem ter direitos como os que existem nas outras profissões. Segundo a edição desta segunda-feira do Jornal de Notícias, estas mulheres querem pagar impostos, ter condições de saúde no seu trabalho e ter quem as represente quando as condições não são respeitadas.

O trabalho de terreno foi feito por Manuel Carlos Silva, um professor da Universidade do Minho, Fernando Bessa Ribeiro, investigador no Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho e Rafaela Granja, doutorada em Sociologia. Os três assinaram já três livros sobre prostituição. O último, publicado em janeiro, traça um retrato da prostituição em Portugal: “Prostituição e Tráfico de Mulheres para fins de exploração sexual. Um contributo para a sua delimitação conceptual e aproximação ao contexto português”.

“Querem ter quem as represente, querem trabalhar em segurança, querem ter acesso aos cuidados de saúde e, sobretudo, querem acabar com o estigma de pertencerem a uma economia paralela”, explicou Manuel Carlos Silva ao JN.

As mulheres entrevistadas, portuguesas e estrangeiras, dizem que querem descontar para a Segurança Social e poder ter baixa médica caso estejam doentes. Estão dispostas a pagar impostos dos valores que recebem, mas também querem ter alguém que as represente como classe.

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No livro que publicaram, os investigadores afirmam que o “tráfico de seres humanos, nomeadamente de mulheres para fins de exploração sexual, constitui um dos problemas mais candentes dos nossos dias”. O livro tenta responder à falta de conhecimento sociológico e antropológico desta matéria que faz, segundo os autores, com que exista “ainda um conhecimento sociológico insuficiente por parte dos cidadão e mesmo para a definição de políticas adequadas ao combate a este flagelo social, demarcando-o contudo, conceptual e politicamente, do fenómeno da prostituição relativamente livre e consentida”.

Um estudo do Centro Europeu de Controlo de Doença, divulgado em 2013, revelava que 13,5% dos homens e 7,9% das mulheres que se prostituem em Portugal estão infectados com VIH.