Na internet chamam-lhe Fer0m0nas. Mas cá fora, no mundo real, é apenas Miguel Campos, o Youtuber português com mais subscritores e visualizações do país, segundo o site SocialBlade.
Só com comparações se consegue compreender bem o fenómeno “fer0m0nas”: sozinho, soma mais visualizações do que os canais oficiais da RTP e da TVI juntos. Mas vamos a valores concretos: os vídeos de Miguel Campos já foram vistos mais de 372.442.993 vezes.
“Faço [vídeos] há cerca de cinco anos”, conta Miguel Campos ao Observador. Na grande maioria, há um tema em comum: o videojogo sandbox Minecraft, criado pelo sueco Markus Persson — conhecido por “Notch” — e vendido à Microsoft em 2014, por 2.5 mil milhões de dólares.
Criou o canal atual em outubro de 2011. “Tinha um outro, mas levou um copyright strike“, o mesmo que dizer que utilizou indevidamente conteúdos de terceiros. Mas isso não foi problema. Com um canal completamente novo, somou 500 subscritores no primeiro ano. No segundo, já tinha 20.000. E, no terceiro, este número já tinha seis dígitos: cerca de um milhão. “Entrei na chamada golden age do Youtube, suponho, na altura em que tudo era mais fácil. E acho que tinha algum talento para fazer aquilo que fazia e, também, muita sorte”, desabafa Miguel Campos.
É o primeiro a assumi-lo: “sem dúvida que o Youtube mudou a minha vida. Deu-me oportunidades com marcas e coisas que eu nunca pensei que pudessem alguma vez acontecer.” Uma dessas oportunidades é muito recente. Chama-se “O Livro do Feromonas”, uma compilação de “todos os desafios” que o Feromonas fez no canal.
“Estive quase um ano a trabalhar neste projeto”, diz Miguel Campos no vídeo em que apresenta o livro aos dois milhões e meio de pessoas que o seguem. Chama-lhe “a melhor novidade de sempre”. Mas este “projeto” é bem diferente das clássicas obras a que estamos habituados: são “35 desafios” que “tens de registar em fotografia ou vídeo” e partilhar nas redes sociais, através de uma hashtag. Tem espaços para escrever, desenhar e também traz autocolantes.
O futuro do Youtube
O Feromonas não é o único a fazer do Youtube profissão — sim, porque Miguel Campos retira rendimentos dos vídeos que faz. Há outros, como o jovem sueco Felix Kjelberg, ou “PewDiePie”, que soma mais de 37 milhões de seguidores… e 9.038.732.248 de visualizações (a 8 de junho).
Lançado há dez anos, esta plataforma de vídeos já conta com mais de mil milhões de utilizadores e 300 horas de vídeo carregadas por minuto. Ao Observador, Vicky Campetella, responsável de comunicação da Google em Portugal e Espanha — empresa detentora da plataforma — explica que se vai “continuar a ver uma explosão de conteúdo, principalmente em países em que o mercado não está tão maduro como nos EUA ou na Inglaterra”. A tendência parece apontar para “mais diversidade de conteúdos, mais variedade de canais e, principalmente, mais pessoas criando conteúdos especificamente para o Youtube”.
Ainda assim, “ainda estamos num Portugal que não é tão desenvolvido quanto outros mercados”. “Vamos ver muito mais inovação do lado das plataformas.” E revela ainda que “já mais de 50 por cento das visualizações vêm de telemóveis”.
Vídeos de jogos, mas não só
Engane-se quem pensa que ser Youtuber é só jogar jogos ou fazer comédia. Há outros projetos dirigidos a públicos mais específicos. Como é o caso de Neuza Costa, do projeto SaborIntenso, e Inês Rochinha, do canal MyMakeUpSecret.
É Neuza Costa que dá a cara pelas receitas que apresenta no seu canal (mas também conta com o apoio de Sandro Vilar nas questões mais técnicas). Ensina a fazer iguarias tão diferentes como brigadeiros de maracujá e coco, ou salada de fiambre e queijo. E soma mais de 54 milhões de visualizações.
Já Inês Rochinha, 22 anos e estudante de Comunicação e Multimédia, partilha com os seguidores segredos de moda, beleza e lifestyle. “Sempre vi o Youtube como uma porta para concretizar os meus sonhos, mas também de realização pessoal”, conta ao Observador. Uma “realização pessoal” que já conta com mais de quatro milhões de visualizações.
Editado por Diogo Queiroz de Andrade.