O primeiro-ministro grego terá dito aos seus assessores mais próximos que está comprometido em chegar a um acordo com os credores, mesmo que a solução final seja “um fardo” pesado para o país. “Se tivermos um acordo viável, não importa quão difícil seja o compromisso, vamos arcar com o fardo”, terá revelado Alexis Tsipras. Atenas poderá estar disposta a pôr em prática algumas das reformas propostas pelos credores, mas pede uma extensão de nove meses do empréstimo.

A história está a ser avançada pelo jornal britânico The Guardian. De acordo com aquela publicação, Tsipras estará disposto a avançar para uma solução de compromisso que evite a bancarrota da Grécia e que permita aos gregos continuarem na Zona Euro. Uma solução que passará sempre por uma renegociação da dívida pública do país helénico, mas que terá de ter como moeda de troca a redução da despesa pública grega.

Ora, o que falta saber é em que rubricas Tsipras está disposto a cortar. Este domingo, depois de as negociações entre gregos e credores terem falhado novamente, o vice-primeiro-ministro Yannis Dragasakis, voltou a dizer que a Grécia se recusa a cortar nas pensões e aumentar os impostos, conta a agência Reuters. Dragasakis atirou mesmo a culpa para os credores por estarem a congelar as negociações ao continuarem a insistir neste ponto, linha vermelha que os gregos não querem ultrapassar.

No entanto, como recupera o jornal britânico, ao longo de mais um dia de duras negociações, que acabaram por se revelar novamente infrutíferas, alguma imprensa grega deu conta que Tsipras e o Executivo grego poderiam estar dispostos a avançar para uma reforma do sistema de segurança social helénico, se os credores prometessem um perdão da dívida no futuro. Uma posição que tem sido defendida pelo Fundo Monetário Internacional, mas que não agradou aos credores da Zona Euro.

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À medida que as reuniões se vão sucedendo e que o tão esperado acordo continua sem conhecer a luz do dia, a situação grega começa a ficar muito difícil: Atenas tem até 30 de junho para pagar 1,6 mil milhões de euros aos credores. Se não o fizer, corre o risco de não receber os 7,2 mil milhões de euros do segundo resgate financeiro.

Para contornar a situação, poderá estar em cima da mesa um acordo de extensão do empréstimo por nove meses, tempo que a Grécia precisa para pensar e pôr em prática algumas das reformas propostas. É este, pelo menos, o desejo do Governo Syriza/Gregos Independentes que, assim, evitaria um default e conseguiria tempo para estudar novas soluções.

Mas, do outro lado, há quem não pareça estar disposto a esperar tanto tempo. Ainda segundo o Guardian, os credores admitem estender o empréstimo à Grécia por quatro meses desde que Atenas utilize esse período para aplicar reformas significativas que permitam ao país reduzir a despesa e equilibrar as contas públicas.

Na Alemanha, já são poucos os que disfarçam a impaciência perante mais um revés nas negociações entre gregos e credores. Grosse-Broemer, líder parlamentar da CDU/CSU – coligação liderada por Angela Merkel -, já veio a terreiro dizer que, a acontecer um eventual “Grexit” – saída da Grécia da Zona Euro -, as culpas devem ser imputadas ao Governo grego que demora “a fazer aquilo a que se comprometeu há muito tempo a fazer”, escreve a Bloomberg.