Passos Coelho veio esta segunda-feira defender que Portugal não só não bloqueou um acordo com os gregos como teve um dos papéis principais para o desbloqueio do acordo. Em conferência de imprensa, Passos Coelho quis deixar claro que teve um papel ativo na construção do compromisso: “Até tivemos, por acaso, uma intervenção que ajudou a desbloquear o problema”, disse.
Aos jornalistas explicou que foi sua a ideia de utilização do fundo de privatizações para recapitalização da banca. Uma medida que se revelou crucial para alcançar o acordo com a Grécia.
“Devo dizer até que, curiosamente, a solução que acabou por desbloquear o último problema em aberto – que era justamente a solução quanto à utilização do fundo – partiu de uma ideia que eu próprio sugeri. Até tivemos por acaso uma intervenção que ajudou a desbloquear o problema”.
Em causa está a utilização de 25 mil milhões de euros – dos 50 mil milhões disponíveis, para serem utilizados para uma recapitalização privada da banca e, “acima desse valor, se pudesse então fazer uma utilização quer para abater à divida publica, quer para se poder financiar o crescimento em partes iguais”, disse.
Uma ideia que, frisou, acabou por ser utilizada pela troika com Alexis Tsipras. “Foi justamente uma ideia que eu sugeri – e que verifico que acabou por ser utilizada pelos negociadores com o primeiro-ministro grego”, repetiu.
Ainda na mesma conferência de imprensa, Passos fez questão de salientar a postura do governo grego. “Acho que este acordo mostra que é necessário, era necessário e continua a ser necessário recuperar a confiança entre todos aqueles que estavam a negociar. Eu recordo que as últimas negociações foram abandonadas pelo Governo grego, que decidiu convocar um referendo e deixar, portanto, todos aqueles que estavam a procurar um acordo nas negociações a falar sozinhos”, disse.
Segundo Passos Coelho, “agora é importante saber se podemos contar ou não com alguém que queira realmente cumprir e comprometer-se com um acordo ou se estamos apenas a encontrar mais um pretexto para que o jogo político vire na primeira oportunidade”.
“Essa é a razão por que os próximos dias vão ser importantes. Eu quero acreditar, sobretudo olhando para a situação que se está a viver, que o compromisso que foi aqui expresso pelo primeiro-ministro grego seja um compromisso para valer a pena, que vai ser realmente cumprido”, vincou o chefe do executivo português.
Sublinhando que quer “acreditar que sim, que o acordo irá funcionar”, o primeiro-ministro revelou que, “nessa medida”, foi cumprimentar, no final da longa maratona negocial, Alexis Tsipras, “pelo facto de ter mostrado um espírito construtivo para que o acordo pudesse ter sido alcançado”.