As relações devem ser levadas devagar. Não faz sentido apresentar aos amigos uma pessoa com quem namora há duas semanas, muito menos à família. Entrar no círculo de amigos é uma espécie de “ritual de passagem”, funcionando também como uma preparação para o dia em que será a família a conhecer a nova cara-metade — sinal de que a relação é extremamente séria.

No entanto, se acha que apresentar o seu parceiro aos pais é o momento crítico, engana-se. Um novo estudo publicado no Journal of Family Psychology concluiu que a opinião dos amigos acerca do seu mais que tudo tem um maior impacto na sua relação do que a opinião da família.

Investigadores da Pace University e da Hunter College of the City University of New York quiseram explorar como os julgamentos provenientes dos amigos, da família e da sociedade podem afetar o sucesso de uma relação. Para tal, entrevistaram um total de 480 participantes que estavam em relações do mesmo sexo (99 participantes), relações inter-raciais (288 participantes) e relações inter-raciais e do mesmo sexo (93 participantes), sobre a satisfação na sua relação e os estigmas que enfrentavam vindos das pessoas que lhes eram mais próximas.

Estes tipos de relações foram escolhidos pelos investigadores porque, apesar de a tolerância estar a aumentar, são alvo de mais estigmas do que as outras.

O estudo e os resultados

Os participantes começaram por responder a perguntas detalhadas sobre a sua personalidade, estilo e opções tomadas nas relações. Posteriormente tiveram de responder a um questionário de 25 perguntas para avaliar o estigma proveniente dos amigos, da família e da sociedade. Recorrendo a uma escala de um (mentira) a sete (muito verdade), teriam de responder, por exemplo, a frases como: “A minha família não aceita esta relação”, “os membros da sua família não reconhecem esta relação e referem-se ao seu parceiro como um amigo” ou “os seus amigos fazem comentários ofensivos sobre o seu parceiro e a vossa relação”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para medir a felicidade, os participantes tiveram de responder a perguntas sobre a qualidade da relação, o investimento feito, a comunicação e satisfação sexual, ou a igualdade na relação. Após analisarem todas as respostas, os investigadores concluíram que o julgamento feito pelos amigos levou a piores resultados na relação do que o julgamento proveniente da família e da sociedade. “O estigma relativamente à relação vindo de amigos foi correlacionado com uma menor satisfação na relação, bem como no compromisso, na confiança, no amor e na comunicação sexual”, lê-se na Fusion.

Isto não significa que os outros tipos de estigma não tenham impacto. “O estigma da família foi correlacionado com um menor compromisso”, já o estigma da sociedade “foi correlacionado com um menor compromisso e menos comunicação sexual”, dizem os investigadores.

No entanto, nos casos em que a relação se baseava mais na igualdade e na qual o casal enfrentava situações de stress em conjunto, como uma equipa, o estigma foi refreado.

O valor da opinião dos amigos

Andam os casais em pânico para conhecerem os pais um do outro, quando na verdade a sua preocupação deveria recair sobre o dia em que conhecem os amigos.

Mas faz sentido. Muitos estudos demonstram que o comportamento individual de uma pessoa é muito influenciado pelas suas amizades, dos hábitos de estudo aos comportamentos desviantes. Daí que a partir do momento em que os amigos questionam a pessoa amada, plantam a dúvida e as perguntas no cérebro de quem até aí estava seguro e apaixonado.

Os amigos podem ajudar uma pessoa a livrar-se de uma má relação, mas se tem amigos que julgam a sua relação com base na sexualidade ou na raça, é provável que essa relação o livre é de maus amigos.