O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, diz que os cidadãos não votaram, nem nas eleições de janeiro nem no referendo de julho, numa saída do euro. Na interpretação de Tsipras, o que os eleitores não quiseram foi o “mau acordo” que estava em cima da mesa. Ainda assim, perante o “ato de vingança” por parte dos credores que, segundo Tsipras, foi o fecho dos bancos gregos, o primeiro-ministro decidiu evitar o colapso da economia assinando um acordo para que se discutisse um resgate que, todavia, é a “receita errada” para a Grécia.

Em entrevista esta quarta-feira à rádio Sto Kokkino, Alexis Tsipras lançou críticas à oposição dentro do próprio partido, o Syriza, que vai ser debatida numa reunião do Comité Central na quinta-feira, e reconheceu que “o Syriza não é, neste momento, um partido unido“. E o que fazer? “Os deputados que não concordem [com o terceiro resgate] devem, em teoria, abandonar o cargo“, diz Tsipras, que garante que é “o último a querer eleições” mas que se perder a no Parlamento, será “forçado a ir a eleições“.

Tsipras continua a dizer que o terceiro programa “não é nosso [do governo grego]”, evitando assumir a propriedade em relação ao programa que outros governos, incluindo o português, têm exigido. “Apenas tomaremos as medidas que ficaram acordadas na cimeira do euro de 12 de julho”, acrescenta Tsipras, num comentário às notícias de que os credores vão exigir mais “medidas prévias” antes de avançar com qualquer desembolso financeiro adicional.

Alexis Tsipras promete “lutar para reverter” as medidas que serão impostas ao abrigo do resgate e ao efeito recessivo que, segundo o responsável grego, estas terão. Mas lembra que “nunca foi prometido ao eleitorado grego um mar de rosas” mas, sim, uma negociação que evitasse a “destruição da Grécia“. Tsipras acrescentou, ainda, que não está “arrependido” em relação a nada do que se passou nos últimos cinco meses, incluindo a “decisão de alto risco” que foi convocar o referendo de 5 de julho.

Foi uma “decisão de alto risco“, que Tsipras garante que tomou a 25 de junho enquanto estava em Bruxelas, a decisão de avançar com a consulta popular. “Mas não tinha escolha”, diz Tsipras, que diz que por causa desse referendo os credores decidiram, “de forma pouco independente”, fechar os bancos gregos como “ato de vingança”.

As negociações com os credores levaram a zona euro e a União Europeia “até aos seus limites“, considera o primeiro-ministro grego, garantindo que “é possível recuperar” do impacto económico negativo que essas negociações tiveram na Grécia.

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