São apenas palavras que querem que sejam lidas como “garantias” e não como “promessas”. Passos Coelho e Paulo Portas inauguram o mês de agosto de campanha com uma carta conjunta aos portugueses onde dizem que querem consolidar o que fizeram porque sabem “o que fazer”. Dizem que o caminho começa a ser positivo, passam ao de leve pelas dificuldades dos últimos anos, não falam do que os separou e argumentam com as dificuldades deixadas pela “pesada herança” deixada pelo Governo anterior. Para o futuro deixam uma intenção: estarão “sempre juntos” com os portugueses, como “nestes anos, até o futuro que todos nós queremos”.
A missiva de “agradecimento” e de “esperança” aos portugueses foi enviada por email para os militantes dos dois partidos e vai ficar no site da coligação Portugal à Frente (PaF) ainda no dia de hoje. A carta acrescenta um mote à mensagem que querem passar nesta campanha para as eleições legislativas: “Depois da recuperação, a construção”. Que é como quem diz, depois do programa de ajustamento, governar sem a troika. E porquê? Porque a “mudança positiva já está a acontecer” e os dois juntos garantem: “Nós sabemos o que fazer”.
Na carta (pode ler em anexo), o presidente do PSD e o presidente do CDS começam por se referir ao “momento de reflexão” que antecede as legislativas. Intenção: a caça aos indecisos, que de acordo com as sondagens ainda são elevados. E para os convencer, a dupla lembra que que essa reflexão tem de “avaliar o presente, pensar o futuro” e por último, mas tão ou mais importante para a mensagem a passar, os portugueses “não deixarão de relembrar o passado”, lê-se. “Todos sabemos o quão difícil foi atravessar este período, uma consequência dos erros do Governo que nos antecedeu e que não honrou a confiança dos portugueses. Ao invés, deixou-nos uma herança pesada, e uma
conta elevada a ser paga por todos”, acrescentam.
Lançada a ideia do passado, o presente e o futuro. No presente, os dois dizem que “foi possível corrigir o rumo e entrar no caminho certo”, porque “juntos” (leia-se portugueses), “estivemos unidos e tivemos coragem”. Na carta de agradecimento, Passos e Portas dizem que “graças a muito trabalho e ao esforço de todos, vamos poder seguir em
frente, ao encontro de mais crescimento económico e mais criação de emprego, centrando-nos em políticas para melhorar o acesso à saúde e a qualidade na educação, para ampliar o combate às desigualdades sociais e criar condições de garantir melhorias na demografia em Portugal.”. Que é como quem diz: “Depois da recuperação, a construção”.
Depois de quatro anos de coligação com momentos mais conturbados, Passos e Portas chegaram a acordo para avançar com a coligação pré-eleitoral e na carta preferem não falar das desavenças do passado. Lembram apenas que “é evidente que há muito a realizar”.