As mudanças são visíveis logo à entrada da nova Peixaria da Esquina, sendo que os andaimes montados em redor da porta pouco têm a ver com a recente mudança de nome e conceito ali operada. “No dia antes de abrirmos montaram isto tudo para pintar o prédio”, conta Hugo Nascimento. A ocorrência impediu que o restaurante abrisse já com esplanada, como previsto, mas não impediu tudo o resto.

O que aconteceu, então, à antiga Cervejaria da Esquina? “O mar entrou por aqui a dentro”, brinca Hugo Nascimento, braço-direito do chef Vítor Sobral. Na verdade, a afirmação não faz total sentido — afinal, o que até há poucas semanas se servia no mesmo local era, sobretudo, marisco. Ou seja, o mar já fazia parte do cenário, o que mudou foi a matéria-prima. Resumindo, desapareceu a Cervejaria, uma marisqueira com pratos de peixe, e nasceu a Peixaria, um restaurante de peixe com pratos de marisco.

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Mudou a ementa, mudaram as cores. Foram-se os aquários, ficaram os tachos.
(foto: © Tiago Pais / Observador)

A ideia não é nova, longe disso. “Desenvolvemos este conceito há quatro ou cinco anos, quando começámos a participar no Peixe em Lisboa, conta Hugo Nascimento. Na altura, a abertura da Cervejaria já estava em andamento, o que levou a equipa a adiar o projeto de ter um restaurante dedicado a peixe. Esse momento chegou agora. “Há uma razão estratégica por trás disto: este conceito permite pensar mais facilmente na expansão, ao contrário do marisco que é mais limitado fora daqui”, revela o chef. Não será de estranhar, assim, que à semelhança do que aconteceu com a Tasca da Esquina, dos mesmos responsáveis, a Peixaria possa chegar no futuro a cidades como São Paulo ou Luanda.

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Além do nome, o que mudou?

Muita coisa. Não se pode dizer que o espaço esteja irreconhecível, porque não está, mas as diferenças são notórias. As mesas altas na sala principal são novas — e com cadeiras surpreendentemente confortáveis — tal como o balcão em mármore e a vitrina refrigerada. Desapareceram os aquários com as lagostas, mantiveram-se as taças com rebuçados. E bem. A sala interior também foi renovada — cores vivas no mobiliário acompanhadas de redes e canas de pesca na parede, para que não haja dúvidas quanto ao conceito.

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Cavala curada com pickles, bolacha de erva-príncipe e uma emulsão de wasabi e amêndoa.
(foto: © Tiago Pais / Observador)

A ementa também ajuda a dissipá-las. Apesar de terem sobrevivido alguns clássicos e petiscos do antigo restaurante, como o casco de sapateira, o prego de atum ou mesmo o marisco mais corrente — amêijoa, berbigão, camarão ou até ostras da Ria Formosa — a escolha agora estende-se aos peixes marinados e curados em diversos contextos. Até ao fim do mês, garante Hugo, “vai chegar o Rolls Royce”, como lhe chama, — uma grelha a carvão de última geração que permitirá tratar da forma mais simples (e nacional) o peixe fresco que ali chega diariamente. Não menos importante, pelo que se viu, será deixar espaço para as sobremesas — o toucinho-do-céu com morangos prova que uma (hipotética) Doçaria da Esquina não seria um conceito de todo descabido.

Nome: Peixaria da Esquina
Morada: Rua Correia Teles, 57 (Campo de Ourique), Lisboa
Telefone: 91 294 6155 / 21 387 4644
Horário: De terça a sábado das 12h30 às 15h30 e das 19h30 à 00h00. Domingo das 13h às 17h.
Preço Médio: 30€
Reservas: Aceitam