A criação de carruagens exclusivamente para mulheres está a ser discutida no Reino Unido para reduzir os crimes sexuais e o assédio feminino. A ideia partiu de Jeremy Corbyn, um dos candidatos à liderança do Partido Trabalhista britânico.

O aumento dos ataques às mulheres é uma das grandes questões em debate no país. Segundo um inquérito de 2014, 43% de mulheres entre entre os 18-34 anos são frequentemente assediadas na rua. Só em Londres, a percentagem de crimes sexuais reportados no metro subiu mais de 32% desde o ano passado. Corbyn apresentou várias ideias para solucionar o problema, como a criação de uma linha de apoio 24 horas só para mulheres e um banco de dados das matrículas dos veículos de homens que gritam piropos na estrada.

Contudo, a ideia que recebeu mais atenção foi a sugestão de criar carruagens nos comboios onde os homens fossem proibidos de entrar a partir das 10 da noite. Para Corbyn, “É inadmissível que muitas mulheres e jovens raparigas tenham de adaptar as suas rotinas diárias para evitar serem assediadas na rua, nos transportes públicos e noutros locais como o parque e o supermercado.”

A proposta do “espaço seguro” para as mulheres não foi bem recebida. Yvette Cooper, outra das candidatas à liderança do Partido Trabalhista, utilizou o Twitter para acusar o seu rival de estar a promover a segregação dos sexos. Para Cooper o foco deve ser educar contra a violência feminina.

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Holly Baxter, uma colunista do The Independent também comentou o caso ao dizer que, “O verdadeiro progresso nunca será alcançado ao separar as vítimas dos criminosos. Devemos concentrar os nossos esforços em eliminar os ideais sexistas que ainda persistem. Estes ataques apenas vão desaparecer quando as mulheres deixarem de ser vistas como ‘especiais’ ou ‘comodidades preciosas’, e passarem a serem vistas como pessoas.” Nas redes sociais,  o resumo das críticas é que a sugestão de Corbyn é mais um caso em que a mensagem passada é “não se ponha numa situação em que pode ser atacada”, ao invés de ser “não ataque!”.

https://twitter.com/claireroberts94/status/636559140614205441

Perante as acusações, Corbyn já acentuou que a existência de “carruagens sem homens” era apenas uma ideia e não uma política em concreto: “Antes de oficializar algo deste tipo, eu teria de ouvir as mulheres”.

Carruagens femininas pelo mundo

Apesar da polémica, a ideia do político britânico não é única no mundo. Existem transportes públicos exclusivamente para mulheres a operar no Brasil, no Japão, na Índia e no México. Contudo, o nível de assédio e ataques às mulheres nesses países não é inferior.Um dos grandes problemas é que os homens não respeitam a lei. No Brasil, existem carruagens para mulheres desde 2006, mas o jornal O Globo publica frequentemente relatos do desrespeito da regra e já foram denunciados vários ataques a mulheres que pedem aos homens para abandonarem as “carruagens femininas”.