A meta do Syriza para as eleições antecipadas na Grécia é conseguir “uma maioria absoluta” para governar nos próximos quatro anos, afirmou hoje o ex-primeiro-ministro e líder do partido, Alexis Tsipras.
Na sexta-feira, o presidente da Grécia, Prokopis Pavlopoulos, convocou eleições legislativas antecipadas naquele país para 20 de setembro.
Numa entrevista ao semanário grego Realnews sobre a questão das eleições antecipadas, Alexis Tsipras, que procura conquistar um segundo mandato como primeiro-ministro, respondeu: “É simples, claro e democrático: pedimos um mandato forte, uma maioria absoluta para um governo do Syriza”.
“É uma oportunidade para sair do bipartidarismo da Nova Democracia [ND, direita] e do PASOK [socialistas gregos]”, as duas formações que têm dominado a vida política grega durante “os últimos quarenta anos (…)”. E acrescentou: “É fundamental não voltar para trás e dar um salto para a frente”.
As mais recentes sondagens indicam que o Syriza tem uma vantagem entre 1 a 3,5 pontos percentuais face ao seu principal adversário, a Nova Democracia, o que inviabiliza um possível cenário de uma maioria absoluta.
A confirmarem-se as sondagens, a formação liderada por Tsipras será assim forçada a procurar aliados para formar um governo de coligação, como fez após o escrutínio de janeiro último, quando perdeu a maioria absoluta por dois lugares.
Mas, Alexis Tsipras já excluiu qualquer cooperação com os partidos “do velho sistema político”, indicando que só o partido populista de direita Os Gregos Independentes (Anel), o seu parceiro governamental durante os últimos oito meses, poderia desempenhar esse papel.
Confrontado com a cisão no seio do Syriza, Tsipras explicou que apresentou demissão no dia 20 de agosto para “permitir uma avaliação por parte do povo grego”.
Apesar das promessas de acabar com a austeridade na Grécia, o líder do Syriza assinou em julho em Bruxelas um acordo com os credores europeus que prolonga o rigor, em troca de um novo empréstimo.
Questionado pelo semanário porque “não pediu desculpas ao povo grego”, Alexis Tsipras respondeu com uma pergunta: “Porque deveria pedir perdão?”.
“Lutei com toda a minha alma para permanecer fiel ao mandato do povo grego”, cuja maioria não queria a saída do país da zona euro, uma ameaça colocada pelos credores internacionais, justificou o político.
O compromisso de Atenas para realizar “reformas para reparar a economia do país” foi uma condição necessária colocada pelos credores antes de dar luz verde a um novo empréstimo de 86 mil milhões de euros a três anos.
Ainda em declarações ao semanário grego, Alexis Tsipras reiterou que “enfrentou uma guerra económica” e que “não conseguiu vencer todos os monstros e corrigir todos os problemas do país que o velho sistema político provocou: a corrupção, os barões de evasão fiscal, os homens políticos corruptos”.